Impulsionadas pelos segmentos de insumos agrícolas, grãos e logística, as transações de fusões e aquisições no agronegócio brasileiro tendem a ganhar fôlego nos próximos meses, conforme o banco holandês Rabobank. A instituição tem em carteira 13 operações dessa natureza em andamento, que deverão ser concluídas entre o quatro trimestre deste ano e 2015.
Liderada pelo executivo Mark Abrams, a área de fusões e aquisições do banco na América Latina concluiu em 2013 no Brasil cinco transações, que totalizaram cerca de US$ 3,65 bilhões. Duas foram em açúcar e etanol (compra do controle da CMAA pela Indofood e a aquisição da usina Campestre pela Clealco), duas na área de grãos (aquisição do controle da Ceagro pela Mitsubishi e outra não revelada pelo banco) e uma na área de proteína animal (venda da Seara pela Marfrig para a JBS).
Nas transações em gestação, o perfil é diferente, revela Abrams. O segmento de grãos e logística para grãos domina a pauta do Rabobank no Brasil, com 40% da carteira do banco. As operações de fusões e aquisições envolvendo empresas de insumos representam 30% dos negócios em trâmite na instituição no momento. A área de açúcar e etanol tem 20% da carteira e a de proteína e lácteos, 10%. “Até agora, foi anunciada uma operação. Até o fim deste ano, serão mais três ou quatro”.
Além de envolverem diversos segmentos, as operações em carteira no Rabobank têm tamanhos diferentes. “Seus valores individuais variam de R$ 150 milhões a R$ 5 bilhões”, detalha Rodolfo Hirsch, um dos especialistas desse departamento no banco.
Hirsch diz que, nos últimos dois anos, houve muita consolidação no segmento de fertilizantes. A norueguesa Yara liderou as transações no Brasil com a aquisição do negócio de adubos da Bunge e, mais recentemente, de uma participação majoritária na brasileira Galvani. Houve, ainda, a entrada da marroquina OCP International Cooperative no capital da Heringer, também brasileira “O cenário de preços mais baixos para os grãos em 2015 deverá trazer oportunidades de consolidação tanto em insumos, como nas tradings de grãos”.
No segmento sucroalcooleiro, que nos últimos meses foi palco de grandes operações como a fusão das áreas de exportação de açúcar de Copersucar e Cargill, também há potencial para novas transações. O modo como as tradings que se tornaram também usinas de cana estão repensando suas estratégias está no centro dessas oportunidades, segundo Abrams. “Elas perceberam que não precisam ter tanta exposição para poder comercializar açúcar. Assim, estão tentando minimizar isso, tanto com venda de usinas como com a busca investidores para reduzir essa exposição”, afirma ele.
O executivo acrescenta que os compradores desses ativos serão, em geral, as próprias usinas, mas que também há interesse de grupos estrangeiros que não estão no mercado brasileiro. “Há europeus, asiáticos e americanos”.
Em lácteos e em derivados de trigo como biscoitos, há potencial para aquisições e também para acordos operacionais e comerciais que visem, por exemplo, inserir produtos mais sofisticados ainda não fabricados no país. Conforme Abrams, essas parcerias são o caminho natural para a entrada de novos players nessas áreas, ainda fragmentadas.