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Biocombustível

Etanol de cereais é alternativa para milho produzido em Mato Grosso

O Imea confirmou a viabilidade das usinas flex no estado. O estudo revelou que o negócio seria rentável com o milho valendo até R$ 20 a saca.

A indústria ainda está moendo a cana-de-açúcar para produzir etanol. Na entressafra de cana, as usinas flex de Mato Grosso começam a moer a partir de novembro milho para fabricar etanol. As duas usinas flex – que moem cana-de-açúcar e milho – do estado estão localizadas em São José do Rio Claro e Campos de Júlio e mais uma usina está sendo adaptada para moer milho no sul do estado.

No ano passado, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) confirmou a viabilidade das usinas flex no estado. O estudo revelou que o negócio seria rentável com o milho valendo até R$ 20 a saca. Hoje, o grão vale bem menos que isso na região de Campos de Júlio, onde a usina do município processa aproximadamente 100 mil toneladas do grão por ano e produz 380 mil litros de etanol por dia.

Diante das perspectivas vantajosas deste investimento, o ministro da agricultura, Neri Geller, também se diz favorável à instalação de mais plantas deste tipo no estado. “Nós não financiávamos indústria de etanol em função de acordos internacionais que foram assinados. E nós conseguimos junto com a casa civil, hoje o Ministério da Agricultura dá parecer favorável e o recurso está disponibilizado para que as usinas flex possam se instalar principalmente aqui no norte de Mato Grosso”, afirma.

Para Glauber Silveira, presidente da Câmara Setorial da Soja, é preciso incentivar o uso do milho como matéria-prima para a produção do combustível. “Na região Oeste, produzimos em torno de 40 milhões de toneladas de milho. Poderíamos estar produzindo nestas regiões 80 milhões de toneladas, porque temos áreas que poderíamos estar usando. Não estamos produzindo mais milho porque uma tonelada a mais de milho e o preço cai. Essa é a grande sacada, que os americanos já fizeram. Por que não estar aproveitando o excedente do milho nacional e estar produzindo etanol de milho?”, analisa.

Além de aproveitar o excedente, a transformação de milho em etanol também poderia reduzir a dependência das exportações do cereal. O presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk, informa que o estado teve duas safras com alta produção de milho, sendo que a última gerou de 17 a 18 milhões de toneladas. “Nós não temos consumo para isso, nosso consumo é mais ou menos na faixa de 3 milhões de toneladas e isso nos torna um grande exportador, principalmente de milho em grãos, porém com uma situação logística de distância de portos bastante complicada, que nos tira competitividade. Isso pressiona os preços do milho, não remunerando adequadamente o produtor”, destaca.

Sem preço, os produtores não veem motivos para aumentar os investimentos no cereal. “Área tem, mas depende de preço e ver a rentabilidade do produtor, já que trabalhamos com várias culturas, é difícil aumentar, mas se o preço for bom, convém para nós”, ressalta o produtor rural Elton Zanella.

Consolidada nos Estados Unidos, a produção de etanol de milho também gera renda com subprodutos, pois gera como resíduo o DDG, sigla em inglês para “grãos secos por destilação”, que é usado para alimentação animal. O DDG é a melhor forma de agregar valor ao milho, segundo Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindálcool. “Não há dúvida de que esse é o futuro. Os Estados Unidos começaram com isso e nós temos mais tecnologia que eles. Em termos de produção de etanol, é um processo inexorável notadamente em Mato Grosso, que é o maior produtor brasileiro de milho”, diz.