Na última sexta-feira, 14, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuária e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDC/Mapa), visitou a Fazenda Miunça, na zona rural do Distrito Federal. A visita faz parte das preparações para o Seminário Boas Práticas de Bem-estar Animal em Sistemas Sustentáveis na Produção de Suínos, que acontece nos dias 25 e 26 de novembro, em Brasília.
A granja é pioneira na utilização de baias coletivas, sistema que prioriza o bem-estar das matrizes durante a gestação. Nesse modelo, as fêmeas são mantidas em grupos de até 12 a 15 animais. O objetivo do sistema coletivo é proporcionar melhores condições para as matrizes durante o período gestacional, além de ter impactos positivos nos índices de produtividade e um melhor ambiente para o manejo.
O sistema de gestação coletiva teve um avanço significativo nos últimos dez anos. A União Europeia, por meio das diretrizes estabelecidas pela Diretoria Geral da Saúde e Proteção dos Consumidores (DG SANCO), estipulou, em 2003, o prazo de dez anos para a eliminação do sistema de gestação em gaiolas individuais. A partir de janeiro de 2013 todas as granjas na Europa precisaram se adequar ao sistema de gestação em grupo.
No sistema de gaiolas individuais, ainda predominante no Brasil, as fêmeas permanecem isoladas durante todo o período gestacional, sendo privadas de sua conduta normal (interagir com o grupo, caminhar, delimitar seu espaço, explorar o ambiente). Essa privação pode gerar níveis de estresse elevado, alterações de comportamento (morder barras, mastigação sem alimento, entre outros), problemas locomotores (laminite), além de diminuir a imunidade a doenças como infecções urinárias.
De acordo com Milton Pereira, supervisor de gestação da Miunça, no sistema coletivo, observa-se uma melhora significativa no comportamento dos animais, que acaba se traduzindo em uma taxa maior de nascimentos, redução do número de natimortos e em ganho de peso dos filhotes.
O modelo de criação em grupo também permite redução da mão de obra necessária no manejo. Além das vantagens econômicas, o sistema agrega valores éticos na criação de suínos, levando em conta o bem-estar animal.
Tendências
Segundo Charli Ludtke, do Instituto Interamericano de Cooperação na Agricultura, atualmente no Brasil 1,7 milhões de matrizes são criadas no sistema de gaiolas individuais. A tendência mundial, como se observa na Europa e em países como Austrália e Canadá, é a transição definitiva do sistema em gaiolas individuais para o de baias coletivas. “Sabemos que a eliminação das gaiolas é uma tendência global e irreversível, precisamos agora, é nos organizarmos para definir claramente qual é o melhor caminho a se construir, pois o novo perfil de consumidores irá demandar”, enfatiza Ludtke.
Para o secretário Caio Rocha, da SDC, que foi pessoalmente à granja, o Mapa apoia o debate sobre a implantação desse modelo no Brasil, que se dará por meio do diálogo permanente com o setor produtivo. “O produtor terá um papel fundamental na discussão desse tema. Além disso, poderá contar com linhas de crédito especiais, como o Inovagro, para fazer a transição gradativa dos sistemas”.
O Seminário de Boas Práticas será uma oportunidade para debater a adoção do sistema no Brasil. Mais informações sobre o evento por meio do endereço eletrônico: [email protected]