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Economia

Avicultura teve pior ano desde 2000

Conjunção de estoques elevados, custos de produção nas alturas e dificuldades em repassar preços marcaram o setor.

Avicultura teve pior ano desde 2000

A conjunção de estoques elevados, custos de produção nas alturas e dificuldades em repassar preços culminou no pior ano para a avicultura brasileira desde 2000. A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) revelou ontem que a produção nacional de carne de frango totalizou 12,6 milhões de toneladas no ano passado, retração de 3,1% sobre as 13 milhões de toneladas de 2011.

“Foi um ano atípico. Não tínhamos queda da produção desde 2000. Aliás, o nosso desempenho sempre havia sido superior ao crescimento do PIB”, afirmou o presidente da Ubabef, Francisco Turra, durante a apresentação anual dos resultados do setor, na capital paulista.

As principais indústrias de frango do país começaram 2012 pressionadas pelo excesso de produção no mercado interno e elevados estoques de carne em seus dois maiores importadores: Oriente Médio e Japão.

A situação se agravou em julho, quando as informações sobre a estiagem que atingia as lavouras dos EUA revelaram uma forte quebra das safras de soja, milho e trigo. Segundo cálculos da Ubabef, os custos de produção subiram 40% no ano passado.

Para fazer frente à forte alta dos grãos, as empresas esboçaram um movimento de repasse de preços para o atacado, mas esbarraram nos elevados níveis dos estoques. “Tivemos dificuldade para repassar preços, até que o setor se obrigou a reduzir a produção”, afirmou Turra.

O mau momento do setor avícola também afetou as exportações. Com os preços em queda em seus dois principais mercados, os exportadores brasileiros de carne de frango amargaram uma redução de 6,7% em receita no ano passado.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Ubabef, as exportações de carne de frango do Brasil renderam US$ 7,7 bilhões, ante US$ 8,2 bilhões registrados no ano anterior. Em volume, esses embarques recuaram 0,6% em relação a 2011, para 3,9 milhões de toneladas. Para este ano, a Ubabef prevê uma recuperação das exportações, com avanço de até 3% em volume.

Com a queda das exportações em 2012, o Brasil reduziu sua participação no comércio global de carne de frango, segundo estimativa da Ubabef. No ano passado, as 3,9 milhões de toneladas vendidas para o exterior representaram 39,7% das 9,8 milhões de toneladas exportadas em todo o mundo. No ano anterior, essa taxa havia sido de 41,4%.

Apesar dessa queda, o Brasil se manteve como o maior exportador global de carne de frango, à frente dos Estados Unidos. “O Brasil perdeu participação no mercado, mas os EUA também. Quem ganhou espaço foram Tailândia e Argentina, que exportam pouco”, afirmou Turra.

Em 2012, os Estados Unidos aumentaram suas exportações em 1,5%, para 3,2 milhões de toneladas. Mesmo assim, os americanos viram sua fatia nas exportações globais cair de 33,2% para 32,5% no ano passado, segundo a entidade brasileira.

Em contrapartida, a Tailândia viu sua participação avançar de 4,8% para 5,4%. Os tailandeses exportaram 540 mil toneladas no ano passado. Já a Argentina aumentou sua participação nas exportações de carne de frango de 2,4% para 2,6%. Os argentinos exportaram 258 mil toneladas.