Mais da metade da área mundial com culturas geneticamente modificadas esteve em 2012, pela primeira vez, nos países em desenvolvimento e não nos desenvolvidos. A informação é do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês).
As culturas transgênicas continuam avançando sobre as terras cultiváveis do mundo, segundo afirma a principal pesquisa anual sobre biotecnologia vegetal. A área plantada com transgênicos cresceu 6% no ano passado, para 170,3 milhões de hectares.
“Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil foi o motor do crescimento mundial, aumentando sua área de culturas biotecnológicas mais do que qualquer outro país – um crescimento recorde impressionante de 6,3 milhões de hectares, 21% a mais que em 2011”, disse Clive James, fundador e presidente do conselho de administração do ISAA.
O total de 36,6 milhões de hectares em culturas transgênicas do Brasil – soja, milho e algodão – representa mais da metade da área plantada nos EUA, o país que mais tem culturas biotecnológicas. A Argentina está confortavelmente na terceira posição no ranking global dos transgênicos, com 23,9 milhões de hectares, à frente do Canadá, com 11,6 milhões de hectares plantados.
No outro extremo, Sudão e Cuba plantaram culturas transgênicas pela primeira vez em 2012. Com seu algodão biotecnológico, o Sudão tornou-se o quarto país da África a usar os transgênicos, depois da África do Sul, Burkina Faso e do Egito.
Enquanto isso, na Europa, as culturas transgênicas ainda estão presas no atoleiro político e jurídico. A Espanha é o único país da União Europeia a plantar culturas transgênicas em escala significativa, segundo mostra a pesquisa do ISAA, com 116 mil hectares de milho transgênico cultivados no ano passado.
A maioria das variedades transgênicas é elaborada para tolerar herbicidas, o que permite aos agricultores eliminar ervas daninhas com sprays químicos sem prejudicar as culturas, ou que elas resistam a pestes. Um número crescente possui “características combinadas”, que protegem as culturas das duas maneiras ao mesmo tempo.
De acordo com James, a tolerância à seca será a nova característica biotecnológica mais significativa a ser introduzida no futuro próximo, “porque as secas são, de longe, o maior obstáculo individual ao aumento da produtividade pela biotecnologia para culturas do mundo todo”. A Monsanto vai lançar o primeiro milho transgênico com tolerância à seca nos EUA este ano.
Monsanto e Basf doaram a mesma tecnologia para parcerias público-privadas que se esforçam para desenvolver milho com tolerância à seca adaptado para as condições africanas, onde a necessidade de resistência à falta de água é maior, diz James. Este pode estar disponível em 2017.
James é um defensor fervoroso da capacidade da biotecnologia de ajudar a melhorar a produtividade agrícola em áreas rurais pobres, sem provocar mais danos ao ambiente. “As culturas biotecnológicas são importantes mas não são uma panaceia e a adesão às boas práticas agrícolas como os rodízios e a gestão de resistência é um imperativo tanto paras as culturas transgênicas como para as convencionais”, afirma.