A Embrapa Meio Ambiente, instalada em Jaguariúna (SP) implantou uma Coleção de Micro-organismos de Importância Agrícola e Ambiental contendo quase 20 mil isolados de fungos, bactérias, leveduras, arqueias e actinobactérias. Dentre eles há micro-organismos endofíticos ; micro-organismos de vários biomas, como Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e manguezais; actinobactérias associadas a insetos; fungos celulolíticos como o Trichoderma; bactérias associadas a líquens e algas marinhas da Antártida; fungos e bactérias agentes de controle biológico; fungos pigmentados produtores de corantes; e bactérias associadas aos crustáceos que são produtoras de antibióticos.
De acordo com o pesquisador Itamar Soares de Melo, curador da coleção, os micro-organismos podem ser úteis para gerar novos produtos bioativos de importância na agricultura, como os herbicidas, descobrir novos genes com resistência à seca e resistência à salinidade, novos antibióticos, substâncias anticancerígenas, enzimas hidrolíticas, etc. “Como exemplo, temos o Combretum leprosum, que pode ser usado para fins medicinais, atuando como anti-inflamatório, anti-hemorrágico, sedativo, e também como inseticida e herbicida”, diz Melo.
“Recentemente, identificamos desse gênero um composto com propriedades anticancerígenas”, informa ele. “Da Antártida temos os micro-organismos com tolerância a baixas temperaturas que produzem ácidos graxos poli-insaturados, importante na dieta de seres humanos, e aqueles com proteínas anticongelamento, importantes na indústria de alimentos”, completa.
A coleção é composta de duas sub-coleções: uma de trabalho com 15 mil micro-organismos e uma de referência com 1.196 isolados. Na coleção de trabalho os micro-organismos foram coletados em campo nos mais variados ambientes como plantas, além de lavouras como a do eucalipto, e também em biomas como o solo da Caatinga, a Mata Atlântica, o Cerrado e até a Antártida, e preservados para estudos e testes futuros.
Segundo Melo, a preservação é feita por meio de dois processos: ultracongelamento e liofilização e os micro-organismos podem ser usados para controle biológico, detecção de estresse hídrico, corantes e descobertas de novas moléculas para fins diversos. “É a única opção para manutenção, a longo prazo, da diversidade genética e como fonte de materiais para estudos científicos e para triagem de produtos com propriedades biotecnológicas”, salienta o pesquisador.