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Exportação

Exportações de aves e carne correm em sentidos opostos

Na avicultura, renda de exportação tem sido garantida pelos preços mais altos e pode ser ampliada com a abertura do mercado mexicano.

Exportações de aves e carne correm em sentidos opostos

O setor pecuário, que liderou os ganhos financeiros das exportações do agronegócio no primeiro trimestre, passa neste ano por dois movimentos contraditórios que podem afetar sua posição dentro da balança comercial. De um lado, a produção de bovinos tem embarcado volumes maiores neste ano para garantir a receita de exportação e já começa a abater fêmeas para garantir as margens. Do outro lado está a avicultura, cuja renda de exportação tem sido garantida pelos preços mais altos e pode ser ampliada com a abertura do mercado mexicano.

O aumento da receita cambial da pecuária, que subiu 7,7% na comparação com os três primeiros meses do ano passado e chegou a US$ 3,9 bilhões neste ano, se deveu principalmente por conta do aumento do preço do frango, que subiu mais de 11%. Com isso, as aves representaram 46,5% da receita cambial de todas as carnes exportadas.

O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, argumenta que o preço mais alto do animal é resultado da redução de produção interna, promovida no ano passado pelos avicultores em crise com a alta dos custos, e pela redução da demanda interna “em função da crise”. De janeiro a abril, a exportação somou 1,241 milhão de toneladas, queda de 4,93% na comparação anual.

Segundo Turra, o único fator que pode alavancar o volume das exportações neste ano é o acordo com o governo do México para exportar aves para o país, onde o setor produtivo enfrenta uma crise provocada pela gripe aviária. A diferença pode chegar a 200 mil toneladas de frango, dentro das 300 mil toneladas que os mexicanos demandarão do mercado internacional, calcula o presidente da Ubabef. “O México está se abrindo para aves e ovos. Isso seria um fato inédito e que estamos tentando há três anos”, relata Turra.

Ele informou que uma missão mexicana deve vir ao Brasil no próximo dia 27, segunda-feira, e que alguns frigoríficos brasileiros, como o JBS, já estão sendo sondados, embora ainda não haja autorização para a venda das carnes.

Bois na contramão

Entre os meses de janeiro a abril, o setor faturou US$ 1,9 bilhão com a venda de 443 mil toneladas ao mercado externo, o que representa crescimento de 19,6% e 27%, respectivamente. Isso demonstra que o setor bovino encontra-se exatamente na direção contrária: as receitas de exportação têm sido garantidas pelo volume embarcado em meio aos baixos preços, mas a perspectiva para os próximos anos é de redução na oferta.

A explicação é que, com os preços menores e os custos de produção crescentes, o pecuarista tem aumentado o abate para garantir receita com maior volume, incluindo nesse balaio também as suas fêmeas, que são as que garantem a reprodução de seu rebanho.

Desde o início do ano até abril, o abate cresceu 11%, puxado tanto pela demanda interna como pela externa. Mas o abate das fêmeas, segundo o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, não está relacionado à demanda, mas sim aos elevados custos de produção do rebanho e manutenção delas. “Quando se aumenta o abate de fêmeas, o rebanho começa a diminuir. Isso vai acontecer no ano que vem, como já aconteceu no ano passado, e nesse ano virá com maior força”, teme Vacari.

A Associação Brasileira dos Exportadores de Carnes Bovinas (Abiec) é menos pessimista. Para a coordenadora técnica Gabriela Tonili, “se os produtores estão em uma situação ruim, isso demora para se refletir no volume de bois [disponíveis] para os frigoríficos”. Ela prevê que, com uma redução das fêmeas, o rebanho pronto para corte só se reduzirá daqui dois a três anos. No entanto, Tonili ressalva que esse “é um movimento que as empresas têm que prestar bastante atenção”.

Para este ano, a Abiec calcula que o volume exportado continuará observando a margem de alta anotada no primeiro quadrimestre, entre 20% a 25%. A a coordenadora técnica da entidade destaca que os frigoríficos têm tentado diversificar os países para os quais exportam e tentado oferecer produtos com maior valor agregado para garantir aumento na receita. Um desses novos mercados é o Chile, que tem aumentado sua participação ano a ano e foi o quinto importador da carne brasileira, que pagou US$ 142,4 milhões por 26,2 mil toneladas nos primeiros quatro meses do ano.

Além do setor de aves e bois, o segmento de suínos também acredita que seus volumes exportados não irão cair neste ano. Após uma queda de 2,9% no volume embarcado no primeiro trimestre, com 120,1 mil toneladas, a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) assinalou em entrevista na semana passada que o País deve exportar 581,4 mil toneladas de carne suína.