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Energia

Bahia lança mapa eólico para atrair investidores

O potencial eólico encontrado no Estado equivale ao um pré-sal, diz secretário.

Bahia lança mapa eólico para atrair investidores

O governo da Bahia lança amanhã, em Salvador, um mapa eólico que traz uma radiografia dos ventos no Estado. O sertão da Bahia é considerado um dos melhores locais do mundo para geração de energia eólica, com ventos velozes, entre 10 e 12 metros por segundo, que sopram numa só direção, rumo ao Planalto Central, e de forma constante.

“O potencial eólico encontrado no Estado equivale ao um pré-sal”, afirma o secretário da indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, numa referência ao setor de petróleo. Segundo ele, o mapa identificou que existe um potencial para geração de 195 mil MW, sobretudo no interior do Estado, na região do semiárido, onde estão os melhores ventos.

Esse volume, porém, serve apenas como um indicador. Para efeito de comparação, o potencial é maior do que todo o parque gerador de energia elétrica brasileiro. O Brasil possui hoje uma capacidade instalada de 125 mil MW. Isso significa que a Bahia poderia produzir, sozinha, um volume ainda maior e apenas com aerogeradores, hipótese improvável.

De acordo com Paulo Câmera, Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, o mapa eólico levou em consideração torres de até 150 metros de altura. No mapa anterior, feito há dez anos, as torres possuíam só 80 metros. Foram identificadas sete áreas com grande potencial: Serra do Sobradinho, Serra Azul, Morro do Chapéu, Serra da Jacobina, Serra do Estreito, Caetité e Novo Horizonte, este último o ponto mais alto da Bahia.

O objetivo do mapa, no qual foram investidos R$ 3 milhões, é atrair investidores para o mercado baiano, que disputa com o Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul o título de maior produtor de energia eólica do país. Essa é uma indústria que já movimenta cifras bilionárias no Brasil. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) prevê que o parque gerador vai se expandir a um ritmo em torno de 2 mil MW ao ano no Brasil, o que vai exigir investimentos de R$ 8 bilhões por ano.

Vários grupos já estão instalados na Bahia, entre eles a Renova, cujos parques estão localizados na região de Caetité; a Casa dos Ventos, do grupo Salus; a Desenvix; a Enel Green Power; e o grupo Brennand Energia, que está construindo parques na região de Sento Sé.

Mas, apesar do grande potencial eólico, os Estados do Nordeste sofrem com a falta de infraestrutura. As linhas de transmissão que estão sendo construídas pela Chesf, braço da Eletrobras para a região, estão atrasadas, o que prejudicou os investidores.

Correia afirmou que a “má gestão” da Chesf, cujo presidente havia sido indicado pelo governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), foi responsável pelos atrasos nas linhas. Dos 20 projetos eólicos em desenvolvimento no Estado, 18 enfrentam problemas de falta de conexão com o sistema elétrico.

O ex-presidente da Chesf, João Bosco de Almeida, entregou o cargo no mês passado, quando os nomes indicados pelo PSD saíram do governo federal. Para o seu lugar, o Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão (PMDB), nomeou o diretor de distribuição da Eletrobras, Marcos Aurélio Madureira da Silva.

Correia também fez críticas à Empresa de Pesquisa de Energética (EPE), órgão subordinado ao Ministério de Minas e Energia. A EPE é presidida por Maurício Tolmasquim e responde pelo planejamento da expansão do setor elétrico brasileiro. “A EPE só consegue enxergar o que está acontecendo no Sudeste, mal olha para o Nordeste. Falta um diálogo regional”, afirmou o secretário.

Correia foi contrário à decisão da EPE de permitir que a Chesf voltasse a participar do último leilão de energia, como acionistas dos parques eólicos. Procurada por e-mail, a EPE não se pronunciou sobre as críticas do secretário.