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Bioenergia

Mercado mundial de resíduos sólidos investiu US$ 20,9 bi em 2013

Dos projetos identificados no mundo, quase 30% contemplam tecnologias de waste-to-energy.

Mercado mundial de resíduos sólidos investiu US$ 20,9 bi em 2013

Um estudo da ISWA – International Solid Waste Association, principal entidade internacional de resíduos sólidos representada no Brasil pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais concluiu que o mercado mundial de resíduos sólidos deve fechar o ano de 2013 com investimentos da ordem de US$ 20,9 bilhões, e mais de mil projetos envolvendo waste-to-energy (recuperação energética de resíduos), geração de energia a partir de biomassa, processamento e reciclagem de resíduos.

“No ano passado, foi registrado um volume de investimento de US$ 10,2 bilhões e, para 2014, já estão confirmados investimentos de US$ 11,9 bilhões, mas o valor total deve chegar a US$ 30 bilhões até o final do ano que vem”, declara David Newman, presidente da ISWA, que realizará seu Congresso Mundial de Resíduos Sólidos no Brasil, em setembro de 2014, quando trará ao País discussões que abordem o tema “Soluções Sustentáveis para um Futuro Saudável”.

Realizado com base nos dados elaborados pela AcuComm – empresa britânica de pesquisas especializada no mercado de resíduos sólidos -, o estudo da ISWA mostra ainda que, dos projetos identificados no mundo, quase 30% contemplam tecnologias de waste-to-energy. Essas iniciativas, segundo a entidade, absorveram em 2013 cerca de US$ 11,3 bilhões, contra US$ 5,6 bilhões, em 2012, e US$ 2,3 bilhões, em 2011.

Em segundo lugar aparecem as iniciativas relativas à geração de energia a partir da biomassa, que representam 16,4% dos projetos. “O fato de que o setor de resíduos sólidos é responsável por 8% das emissões totais de CO2 tem influenciado esse cenário, já que os empreendedores buscam investir em projetos que contribuam com a mitigação da emissão de gases de efeito estufa”, explica Newman.

Os empreendimentos envolvendo outras tecnologias de processamento e reciclagem de resíduos respondem por 12,4% e 12,1%, respectivamente. O restante dos projetos, 29,8%, diz respeito a outros métodos de tratamento e destinação final de resíduos sólidos.

No que se refere ao valor investido em cada projeto, na média, o montante é de US$ 110 milhões. Quando levado em conta o tipo de sistema, o número fica em torno de US$ 133 milhões, para os projetos de waste-to-energy; US$ 108 milhões, para os de geração de energia a partir de biomassa; US$ 119 milhões para os de processamento de resíduos em geral; e US$ 81 milhões para os de reciclagem. “Apesar de estarem aumentando a uma média de 70% ao ano, os investimentos ainda não crescem na velocidade necessária para atender a demanda ocasionada pelo aumento na geração anual de resíduos, considerando que 50% da população mundial ainda não dispõem sequer de sistemas de coleta de resíduos”, destaca Newman, reforçando a necessidade de se instituir fundos específicos para custear a gestão integrada dos resíduos sólidos, principalmente em países em desenvolvimento, que mais sofrem com o déficit de gestão.

Quando o foco volta-se para o Brasil, o quadro não fica muito diferente. De acordo com os dados mais recentes do setor, publicados pela ABRELPE no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012, o país ainda não conseguiu universalizar a coleta de resíduos sólidos urbanos e destina um grande volume de resíduos a locais inadequados. Em 2012 registrou um déficit de 11% na cobertura de coleta e mais de 23 milhões de toneladas de RSU enviados para lixões e aterros controlados, unidades que do ponto de vista ambiental têm o mesmo impacto negativo dos lixões.

Brasil precisa investir R$ 6,7 bilhões na gestão de resíduos sólidos – Um levantamento inédito, recentemente divulgado pela ABRELPE, concluiu que, para coletar e dar destinação adequada à totalidade dos resíduos sólidos, o Brasil precisa investir R$ 6,7 bilhões, considerando como modalidade de destinação a disposição em aterros sanitários. “O aterro sanitário é o primeiro estágio rumo à adequação na destinação final e, em muitos casos, é o caminho para se avançar rumo a outras formas mais modernas de destinação. Considerando essa rota, o montante que o Brasil precisa investir representa um custo diário médio per capita de apenas R$ 0,09”, enfatiza Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao destacar que, caso o País mantenha o ritmo de investimentos na gestão de resíduos registrado na última década, só conseguirá universalizar a destinação final em meados de 2060. “No atual ritmo, chegaremos a agosto de 2014, prazo estipulado pela PNRS, com apenas 60% dos resíduos coletados com destino ambientalmente correto”, alerta.

Com base na experiência de outros países, a ABRELPE estima que são necessários de 15 a 20 anos para se reduzir a geração de resíduos, primeiro passo previsto na hierarquia contemplada pela PNRS. “Para que isso aconteça são necessárias mudanças no processo produtivo, disponibilidade de infraestrutura adequada e adaptação na postura de consumo da sociedade”, salienta Silva Filho.

O prazo determinado pela PNRS para encerramento da destinação inadequada de resíduos se encerra em agosto de 2014 e ainda há muito para fazer. De acordo com os dados da ABRELPE publicados no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012 ainda há milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos com destinação inadequada no País. “Se não contarmos com esforços conjuntos e recursos disponíveis para custear o processo de adequação corremos o risco de ver o principal ponto da PNRS não sair do papel. No entanto, com a aplicação de 0,15% do PIB Nacional no setor de resíduos conseguiremos superar esse déficit histórico e direcionar as ações para um aprimoramento na gestão, como prega a Lei”, conclui Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE.

O estudo da ABRELPE leva em consideração as diferenças regionais na gestão de resíduos, que impacta no volume de recursos necessários à adequação. Enquanto na região Sul são necessários R$ 0,05 por habitante por dia para regularizar a situação, no Nordeste esse valor sobre para R$ 0,14 por habitante por dia, pelo período de um ano.