A corrente de comércio entre Brasil e Cingapura atingiu US$ 3,6 bilhões no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Além de projetar aumento nessa relação comercial para os próximos anos, o governo cingapuriano projeta incrementar os seus investimentos no Brasil. A intenção é aprofundar a presença em negócios com a Petrobras e ingressar no setor de infraestrutura.
Atualmente, existe capital de Cingapura na construção de dois estaleiros, em negócio avaliado em “cerca de US$ 1 bilhão” por Anchit Sood, diretor do Centro de Comércio Exterior de Cingapura para a América do Sul. “Há dois anos, nenhuma empresa havia procurado o centro para pedir informações sobre o Brasil. Esse é um movimento recente. Nós deixamos de ver o país como um lugar longe e exótico”, afirmou.
As empresas de Cingapura estão de olho nas construções ligadas à camada pré-sal do petróleo. “Essa é a primeira fase. A segunda é diversificar os investimentos”, diz o executivo.
Com o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do mundo, a cidade-Estado procurou diversificar os investimentos nos últimos anos e vê no Brasil “a porta de entrada para a América Latina”, segundo explicou Sood. O know-how em planejamento urbano, gestão de resíduos e tratamento de água são as apostas das empresas cingapurianas. Além disso, existe interesse nas áreas de agronegócios e tecnologia da informação.
Atualmente, há conversas com o governo brasileiro para a aplicação de um projeto de otimização na cabotagem (navegação na costa). Um sistema digital na carga e descarga de produtos já foi implantado no Espírito Santo. “Estamos em negociação com a Secretaria Nacional de Portos para colocar isso no país inteiro”, afirma Sood.
Do outro lado do balcão, o Brasil também aumentou a presença em Cingapura. Pela localização estratégica e por causa das taxas baixas cobradas nas transações financeiras, grupos que desejam fazer negócios no continente usam Cingapura como entreposto. O Banco do Brasil, por exemplo, inaugurou seu primeiro escritório no país no fim do ano passado, assim como a Embraer. Também em 2011, a Singapore Airlines inaugurou voo Cingapura-São Paulo, com escala em Barcelona.
A nova linha aérea reflete uma demanda crescente, de acordo com a gerente de turismo de Cingapura para os Estados Unidos e América Latina Kristi Shalla. No ano passado, 15 mil brasileiros voaram para o país asiático, o que representou aumento de 45% em relação ao ano anterior. “A maioria viaja a negócios. O país é um ‘hub’ para a Ásia, um ponto em que se acessa China, Índia e todo o Sudeste Asiático”, diz.
Mesmo com o aumento de interesse verificado em Cingapura como ponte para investimentos do capital brasileiro, os números mais expressivos estão nas exportações. No ano passado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior registrou US$ 2,8 bilhões em vendas, puxadas pelo petróleo, biocombustível e seus derivados, vindo em seguida a carne, o ferro e o aço. O montante representa um aumento de 112% em relação a 2010.