O Rio Grande do Sul enfrenta o segundo pior surto de raiva bovina desde a década de 80, quando a doença espalhou-se pelo Estado. Com 23 focos detectados apenas entre janeiro e março em 12 municípios da região Sul, a estimativa da Secretaria da Agricultura é que 1,4 mil animais tenham morrido com o vírus, transmitido por morcegos hematófagos. Em todo o 2011, foram 48 focos. Diante da gravidade do quadro, desde o mês passado, a Secretaria intensificou a revisão dos refúgios, a captura e o combate aos morcegos. Somente em março, 1.072 foram capturados. E o raio de atuação onde há registros de focos também foi ampliado, de 12 para 20 km.
Hoje, sete dos nove núcleos de controle estão no Sul. A força-tarefa envolve 14 veterinários e auxiliares, além de pessoal das Inspetorias Veterinárias e Zootécnicas. O grupo também realiza trabalho de conscientização nos municípios por meio de reuniões. Com isso, o coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva no Estado, Nilton Rossato, está confiante que o surto possa ser controlado em dois ou três meses, sem se expandir. Mas o prejuízo social já é grande, pois a incidência predomina em minifúndios.
Segundo Rossato, tudo começou em maio do ano passado, após as enchentes em São Lourenço do Sul desalojarem os morcegos. O especialista explica que, normalmente, entre 15% e 20% de uma colônia – composta por até 500 morcegos – apresenta o vírus rábico incubado. O vírus se manifesta frente à queda de imunidade, desencadeada por fatores de estresse, como as enxurradas. As altas temperaturas e os baixos índices de umidade registrados no último verão foram agravantes neste caso.
A principal dificuldade no momento, conforme Rossato, é a falta de colaboração dos criadores. Além de vacinar o gado, a orientação é para que eles informem a localização de furnas em suas propriedades. Rossato ressalta que a única forma de combater a doença é atuando na prevenção. E enfatiza que a raiva não tem cura e leva os bovinos à morte em até cinco dias após o aparecimento dos sintomas, após um período de incubação que pode chegar a 60 dias. “Muitos produtores alegam estar envolvidos com a colheita nas lavouras, que é a atividade principal. E só vacinam o gado depois que morre o do vizinho, mas aí já é tarde”, lamenta. De acordo com Rossato, o prejuízo pode ser evitado com investimento irrisório. Ele lembra que a dose da vacina custa R$ 0,80 diante da perda de uma vaca leiteira ou um boi, cujos valores variam entre R$ 800,00 a R$ 1,2 mil.
Municipios:
– Amaral Ferrador
– Arroio do Padre
– Camaquã
– Canguçu
– Chuvisca
– Cristal
– Dom Feliciano
– Morro Redondo
– Pelotas
– Santana da Boa Vista
– São Lourenço do Sul
– Turuçu