Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Infraestrutura

Paraguai quer poliduto de Assunção a Paranaguá

Obra pode custar US$ 3 bi e levaria combustíveis e óleo de soja. Delegação do governo paraguaio esteve ontem em Paranaguá.

Paraguai quer poliduto de Assunção a Paranaguá

O Paraguai planeja a construção de uma rede de dutos ligando sua capital ao porto de Paranaguá, no Paraná. O projeto prevê investimentos de até US$ 3 bilhões e deve ser tocado pela construtora brasileira Camargo Corrêa.

Com os dutos, pretende-se levar combustíveis, como óleo diesel, gasolina e etanol, do Brasil até Assunção, e transportar ao porto paranaense óleo de soja produzido no país vizinho. Além disso, o governo do Paraguai pretende transformar Assunção em um polo distribuidor do combustível brasileiro para os mercados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, mais próximos do território paraguaio do que as refinarias brasileiras, o que reduziria o preço dos fretes.

Em entrevista ao Valor, o ministro-chefe do Gabinete Civil do Paraguai, Miguel Angel López Perito, disse que o “poliduto” (como está sendo chamado o projeto) viabilizará os planos do governo paraguaio de criar um polo produtor de cana-de-açúcar e etanol no leste do país, perto da fronteira com o Brasil. Segundo ele, o Paraguai tem potencial para plantar entre 3 e 4 milhões de hectares de cana-de-açúcar para produzir combustível.

“Essa produção seria escoada pelos dutos até Paranaguá, para exportação por via marítima”, disse. “O Paraguai é hoje prisioneiro de sua posição geográfica, sem saída para o mar. Não podemos ter escala de produção de etanol, algo que o poliduto irá viabilizar.”

Segundo o ministro, todos os investimentos para a obra serão privados, o que, segundo ele, dispensa a necessidade de uma licitação para a obra. A Camargo Correa disse que foi “convidada pelo governo paraguaio a analisar o projeto”, mas o Valor apurou que a empresa já procura parceiros para tocar as obras. A necessidade de um financiamento público para a execução dos trabalhos não está descartada.

Perito esteve ontem em Paranaguá para discutir o projeto com representantes do porto, do governo do Estado e da estatal paraguaia de petróleo, Petropar, que será um dos clientes do duto juntamente com a Petrobras. Segundo ele, uma parceria entre Petrobras e Petropar, potenciais clientes do poliduto, será fundamental para viabilizar o projeto.

Na reunião, foram discutidos dois traçados diferentes. O primeiro, de 1.100 km, é praticamente uma linha reta, saindo de Assunção, passando por Foz do Iguaçu, Cascavel e Curitiba, antes de chegar a Paranaguá. O segundo, alternativo, faz um desvio rumo às regiões produtoras de cana de Maringá e Londrina, no norte do Estado, aumentando o trajeto para cerca de 1.400 km.

Perito estima que, uma vez iniciadas as obras, o poliduto levaria cerca de dois anos para ficar pronto. Mas, segundo o secretário de Infraestrutura do Paraná, José Richa Filho, o prazo pode ser abreviado caso seja feito o desvio para o norte paranaense, uma vez que já está em fase de estudos um projeto de dutos ligando as usinas da região ao porto de Paranaguá.

O governo paranaense está mediando negociações entre usinas de etanol do Estado e o governo paraguaio, para avaliar futuros projetos de construção de plantas de etanol no país vizinho.

O porto paranaense estuda pôr à disposição uma área de 32 mil m2 para elevar a movimentação de produtos paraguaios. O Paraguai voltou a exportar soja por Paranaguá depois de oito anos (o ex-governador Roberto Requião havia proibido o trânsito de soja transgênica no local). O país produz 8 milhões de toneladas do grão e, neste ano, 1 milhão de toneladas devem passar por Paranaguá.