Conforme esperado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu sua estimativa para a produção e para os estoques mundiais de soja e milho desta temporada 2011/12, mas surpreendeu o mercado ao elevar sua previsão para os estoques de passagem de trigo.
O resultado foi uma queda generalizada nos preços futuros dos grãos na bolsa de Chicago. A soja para entrega em maio caiu 4 centavos de dólar, para US$ 12,36 por bushel. O milho para maio recuou 6,50 centavos, para US$ 6,4150 por bushel. Já o trigo fechou a US$ 6,5525, uma perda de 13,25 centavos.
.O analista de commodities do Jefferies Bache em Nova York, Vinicius Ito, afirmou que os números do USDA foram considerados “de neutros a baixistas” pelos agentes do mercado. “As previsões para a soja e o milho ficaram próximas do esperado, mas a projeção para os estoques de trigo ficaram muito acima”, explicou.
Em seu relatório mensal de oferta e demanda, o USDA elevou em 0,2% sua estimativa para produção mundial de trigo no biênio 2011/12, a 692,88 milhões de toneladas. O volume é 6,3% maior do que o registrado na safra anterior. O órgão também aumentou, em 1,5%, sua previsão para os estoques de passagem – a 213,1 milhões de toneladas, um recorde. “Os participantes do mercado esperavam algo próximo a 208 milhões de toneladas”, lembra Ito.
Em contrapartida, o USDA reduziu em 2,2% sua projeção para a produção global de soja – de 257 milhões para 251,47 milhões de toneladas. A colheita é 4,8% menor do que a registrada no ciclo 2010/11, quando foram colhidas 264,1 milhões de toneladas. O USDA projetou que os estoques de passagem da safra 2012/13 devem ficar em 60,28 milhões de toneladas, uma queda 4,9% em relação à estimativa de janeiro (63,43 milhões de toneladas) e de 12,5% em relação à safra 2010/11 (68,9 milhões de toneladas).
Castigados pela estiagem, Argentina e Brasil foram os grandes responsáveis pela oferta menor. O país vizinho teve sua produção reduzida em quase 5% em relação à estimativa de janeiro, de 50,50 milhões para 48 milhões de toneladas. O volume é ainda 2% inferior ao da safra passada, que somou 49 milhões de toneladas.
Para o Brasil, o corte foi mais brando. O USDA reduziu sua estimativa de produção em 2,7%, de 74 milhões para 72 milhões de toneladas. O volume é 4,6% menor do que o apurado na safra passada. “O corte para a Argentina ficou dentro do esperado, mas o mercado esperava uma redução maior na safra brasileira”, ponderou Ito.
O USDA também reduziu sua estimativa para a produção mundial de milho, de 868,06 para 864,11 milhões de toneladas, o que ainda representa um aumento de 4,4% em relação à safra passada. A previsão para os estoques de passagem também caiu, de 128,14 milhões para 125,35 milhões de toneladas. O estoque final é 2,3% menor do que o restante da safra 2010/11.
Também no caso do milho, a grande responsável pela quebra da produção global foi a Argentina. O USDA reduziu em 15% sua estimativa para a safra argentina, de 26 milhões para 22 milhões de toneladas. Apesar disso, a produção do país vizinho é apenas marginalmente inferior à do ano passado. Em compensação, o departamento americano manteve a previsão para a safra de milho do Brasil, em 61 milhões de toneladas – alta de 6% ante 2011.
A estimativa para a safra norte-americana segue mantida em 313,92 milhões de toneladas, mas a previsão para os estoques finais diminuiu: de 21,49 milhões para 20,39 milhões de toneladas.