O selo de certificação de procedência, famoso na Europa, agora também ganha espaço no mercado interno brasileiro. A Isto É Economia e Negócios abordou o assunto em versão online, explanando exemplos de sucesso, como o Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (RS), o café do cerrado mineiro, o arroz do litoral norte gaúcho, o camarão da Costa Negra (CE), o artesanato em capim dourado do Tocantins, as panelas de barro de Goiabeiras (ES) e a cachaça de Paraty (RJ). Segundo a matéria da Isto É, o levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que o preço pode subir até 30% quando o consumidor identifica os benefícios do selo.
Desde doceiras com empreendimentos individuais que fabricam receitas tradicionais em Pelotas (RS) até grandes estabelecimentos rurais do Pampa gaúcho que selecionaram raças e vendem carne bovina com sistema de rastreamento, passando pelas vinícolas que atendem 20% do mercado brasileiro de vinhos finos. Todos querem evidenciar o padrão diferenciado de seus produtos.
O primeiro passo já foi dado com a criação da Associação dos Produtores de Carnes e Derivados de Suíno do Meio Oeste Catarinense (Aprosui), no dia 22 de junho de 2012. Os próximos passos são a regulamentação da produção e levantamento de dados que comprovem a integração que a carne suína tem com a cultura da região. O pedido de reconhecimento é feito no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). A principal exigência é ser conhecido por oferecer produtos únicos, só possíveis de ser encontrados em determinada região, por conta do clima, vegetação ou altitude, ou pelo conhecimento tradicional envolvido na fabricação. Antes de ostentar o carimbo na embalagem, os empresários precisam se unir em associações, pesquisar a origem dos produtos e descrever o jeito exato de fabricá-los.
Exemplo de sucesso
Desde que a pioneira Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) conseguiu a distinção, há dez anos, houve uma revolução na região. Empregos foram criados, terras e empresas valorizadas, e tudo isso alavancou o desenvolvimento local como um todo. “Não bastava o selo dizer que nosso vinho é bom. Investimos em mostrar como ele é produzido para que o consumidor valorizasse o produto”, explica Rogério Valduga, presidente da associação. O enoturismo funcionou tanto que ajudou a reduzir o preconceito contra o vinho brasileiro, que hoje disputa, e ganha, competições de renome. A reboque da bebida, vieram hotéis, restaurantes, spas e produtores de cosméticos para atender os visitantes. Os turistas, que em 2001 somaram 45 mil, chegaram a 238 mil no ano passado.
Histórico
Tudo começou na França, que, nos anos 90, fez o pedido na Organização Mundial de Comércio para regulamentar a proteção do conhecimento secular sobre produção de bens como champanhe e queijo roquefort, classificados como um tipo de propriedade intelectual. A União Europeia tem mais de quatro mil produtos DOC (Denominação de Origem Controlada). Já os brasileiros começam agora a seguir o promissor caminho. Atualmente, existem 65 pedidos de certificação em tramitação no Brasil. Até este mês, 25 foram aprovados. Até 2010, só oito empresas possuíam o selo. Na fila, estão a renda de agulha de Sergipe e peixes ornamentais da Amazônia, entre outros.