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Problemas de produção nos EUA abrem oportunidade para exportação brasileira de carnes, defende especialista durante Seminário Agroceres PIC

10º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC reúne principais lideranças da suinocultura para debater principais desafios e oportunidades do setor.

A preocupação com a baixa nos estoques internacionais de grãos, em função da seca nos Estados Unidos, abre uma oportunidade importante para exportações brasileiras de grãos e carnes, defendeu o economista e engenheiro agrônomo, Alexandre Mendonça de Barros, durante o 10º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC, que acontece até hoje, dia 31 de agosto, no Guarujá, no litoral de São Paulo.

“Os americanos podem precisar importar milho. E o Japão, e outros países que importam dos Estados Unidos, podem comprar milho brasileiro. Este quadro abre as portas para os países latino-americanos, sobretudo o Brasil, exportar não só milho, mas também carnes. Este aperto de oferta é tão grande que pode acelerar abertura de mercados para o Brasil, principalmente porque a expectativa é de encolhimento da indústria americana de carnes”, ressaltou o especialista.

O déficit na balança agrícola de países asiáticos, especialmente falando da China e do Japão, evidenciam o posicionamento do país como exportador de alimentos. “Isso já é uma realidade. Atualmente recebemos contatos de países que nunca importaram alimentos do Brasil. Este assédio é forte e deve crescer nos próximos anos”.

Para ele, a atual conjuntura testa o limite do atual modelo agrícola mundial. “Tivemos variações de preços nas últimas cinco safras, mas este modelo ainda não havia sido testado em seu limite, pois os dois maiores produtores mundiais, China e Estados Unidos, não tiveram quebras de safra realmente relevantes, como aconteceu agora. É um momento histórico e qualquer quebra adicional vai gerar uma volatilidade muito grande por causa dos baixos estoques”.

O analista destacou a posição privilegiada do Brasil por ter disponibilidade de milho, mas alertou sobre uma possível dificuldade em encontrar farelo de soja no mês de dezembro. “Não teremos escassez de milho no curto prazo, mas existe um risco para o farelo de soja no mês de dezembro. Contudo essa dificuldade será solucionada a partir de janeiro com a colheita de soja precoce. Por isso, estou preocupado apenas com o mês de dezembro. Mas teremos preços em patamares elevados para milho e para a soja no ano que vem”.

Desafio
A infraestrutura logística do país foi ressaltada entre os desafios do setor. Diante dos baixos estoques internacionais e demanda mundial por grãos, o economista apresentou um levantamento da Conab que prevê a disponibilidade para exportação de 14 milhões de toneladas de milho. Contudo, apesar da demanda mundial, o país não tem estrutura de portos para exportar essa quantidade. “Temos mercado para exportar as 14 milhões de toneladas, o que talvez não tenhamos é a logística para exportar essa quantidade”, disse.

Carne
A carne suína deve se manter em patamares sustentáveis nos próximos meses, avalia Mendonça de Barros. “O setor fez ajustes de produção e isso tende a segurar os preços, por isso acredito que já vivemos o pior momento. Um exemplo é o que acontece agora nos Estados Unidos, o cenário é o mesmo que tivemos aqui no primeiro semestre e isso deve levar a um ajuste suinocultura americana. Quando os preços lá se recuperarem, estarão compatíveis com os preços dos grãos, o que significa que podemos ter uma nova onda de alta no decorrer do ano”.

O 10º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC reúne cerca de 350 líderes da suinocultura brasileira e especialistas internacionais, representando todos os elos da cadeia produtiva, desde produtores, cooperativas, empresas de saúde, nutrição, genética, equipamentos, até a agroindústria.