O impacto da nova legislação europeia no bem-estar animal, que entra em vigor em 2013 proibindo o alojamento de suínos fêmeas prenhas em gaiolas, foi o principal tema das discussões da reunião deste ano da InterPIG, que aconteceu na cidade dinamarquesa de Horsens, a 260 km da capital Copenhague. A InterPIG é uma rede que envolve instituições de pesquisa, associações de representação, órgãos públicos e empresas de consultoria dos principais países produtores de carne suína. O Brasil, único país da América Latina que faz parte da rede, foi representado pelo pesquisador Marcelo Miele da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia/SC), empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O encontro também abordou os efeitos que outras mudanças, como o material utilizado no piso das instalações e a redução no uso de antibióticos, podem ter na cadeia suinícola europeia e sua influência, ainda que indireta, nos custos de produção. “A entrada em vigor dessa nova legislação deve reduzir a produção europeia, consequentemente aumentando o preço da carne suína. Isso levaria à abertura de um espaço de importação no mercado europeu ao qual o Brasil deveria estar atento, embora a União Europeia deva priorizar a compra dos países do leste do continente como Polônia, Romênia e Hungria”, diz o pesquisador Marcelo Miele.
Em relação aos custos de produção apresentados por cada país presente na reunião, que mostraram os dados relativos ao ano passado, Miele destaca que o Brasil apresenta, ao lado dos Estados Unidos, os menores valores. “Com exceção dos insumos veterinários, todos os outros itens de custos do Brasil são inferiores. Os que mais influenciam nesta diferença são a alimentação, o principal fator de competitividade; a depreciação e custo de capital; a mão de obra e a energia elétrica”, comenta.
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Outros dados comparativos preliminares referentes a 2011 mostram que a produção de suínos no Mato Grosso apresenta custos com alimentação semelhantes aos do Canadá (160 e 163 reais por tonelada de peso vivo, respectivamente) e Santa Catarina com os dos países europeus mais competitivos, como Dinamarca, Holanda e França (168, 170, 175 e 178 reais por tonelada de peso vivo, respectivamente). Chama a atenção o baixíssimo custo com alimentação informado pelos EUA, de R$ 148 por tonelada de peso vivo, o que lhe confere a liderança mundial em custos em 2011 (R$ 218 por tonelada de peso vivo, enquanto que Santa Catarina e Mato Grosso seguem em segundo e terceiro colocados, com 225 e 235 reais por tonelada de peso vivo, respectivamente). A média dos países europeus de menor custo ficou em R$ 287 por tonelada de peso vivo. “Ainda, resumidamente, podemos dizer que a variação cambial do dólar é o diferencial nos custos de produção, que todos os países presentes na reunião elevaram a produtividade das suas matrizes e que a maioria dos países com acompanhamento de granjas apresentou aumento do rebanho médio”, continua o pesquisador da Embrapa.
Na reunião deste ano participaram, além do Brasil, representantes de instituições da Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Irlanda, Itália, Reino Unido e Suécia, que debateram meios de harmonizar as metodologias de cálculo dos custos de produção, facilitando a comparação entre os principais produtores mundiais, e apoiar estudos de competitividade entre os países.
Para o próximo encontro, que acontece em 2013 em Londres, na Inglaterra, a intenção é que o Brasil aprimore os dados da sua produção, em um trabalho que deve reunir Embrapa, ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos) e Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína).
O relatório completo da reunião 2012 da InterPIG deve ser disponibilizado no último trimestre do ano em um comunicado técnico e também no site da CIAS, a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, que pode ser acessada no endereço www.cnpsa.embrapa.br/cias.
