O frigorífico Minerva SA está superando rivais maiores como JBS SA e Marfrig Alimentos SA no mercado de renda fixa depois de reduzir a dívida em relação ao lucro em quase 30 por cento.
O rendimento de 4,7 por cento este ano dos títulos do Minerva com vencimento em 2019 é mais que o dobro do ganho registrado pelos papéis da JBS e da Marfrig, e quase duas vezes o retorno oferecido pelos bônus da BRF – Brasil Foods SA, a maior exportadora mundial de aves. O avanço dos títulos do Minerva se compara ao retorno de 3,5 por cento das notas vendidas por empresas americanas também consideradas junk, ou seja, com classificação de risco abaixo de Baa3 pela Moody’s Investors Service e inferior a BBB- pela Standard & Poor’s.
O Minerva se beneficia de uma disparada nas taxas de abate após a aquisição de uma unidade no Uruguai, que lhe permitirá reduzir a relação entre a dívida líquida e os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 4,4 para 3,2 vezes até o fim deste ano, de acordo com o Barclays Plc. A empresa, sediada em Barretos/SP, também aproveita o crescimento econômico mundial, já que as exportações representam 66% da receita, comparado a 27% para a JBS e 39% para a Marfrig.
“Estamos vendo uma desalavancagem acontecer, e vemos isso acontecer pelos motivos certos”, disse Ivan Fernandes, analista de mercados emergentes do Barclays em Nova York. “Eles têm capacidade nova pela qual já pagaram e que finalmente vai trazer o fluxo de caixa pelo qual eles investiram. Internacionalmente, eles mostraram que são muito capazes de colocar a carne, e sempre são capazes de encontrar mercado.”
O rendimento dos títulos em dólar do Minerva com cupom 10,875% baixou 56 pontos-base, ou 0,56 ponto percentual, este ano para 9,37%, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. As notas rendem 197 pontos-base a mais do que títulos corporativos americanos de alto risco acompanhados por índices do Bank of America Merrill Lynch.