A China pode financiar mais de R$ 7 bilhões para as ampliações das áreas de soja no Estado de Goiás, nos próximos sete anos. Com planos de importar diretamente 6 milhões de toneladas do grão por ano do estado, quatro empresas chinesas, estatais e de capital misto, irão enviar uma comitiva de técnicos e especialistas no começo do próximo mês, para avaliar o projeto que dobrará a produção goiana de soja até 2018. A ideia dos chineses é minimizar percalços no trajeto da soja até o país, excluindo as intermediárias multinacionais do setor.
Com um volume de importação superior a 54 milhões de toneladas de soja apenas em 2010, a China é hoje um dos maiores compradores do produto. A dependência em relação ao mercado externo é grande, já que o País precisa garantir a segurança alimentar de 1,3 bilhão de pessoas.
Diante deste cenário, o país realizou algumas investidas no Brasil desde 2009, a fim de encontrar uma parceria condizente com as atuais necessidades chinesas. “Em 2009, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China com alguns representantes do Brasil, para mostrar o potencial agrícola da região. Em 2010, recebemos visitas de quatro empresas chinesas no estado, e desde então as conversações seguiam intensas”, afirmou com exclusividade ao DCI, Pedro Ferreira Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), e representante da entidade no grupo de trabalho que elaborou a proposta goiana aos chineses.
O Estado de Goiás plantou nessa safra aproximadamente 2,55 milhões de hectares, com a previsão de colher 7,8 milhões de toneladas. Com os investimentos chineses, a expectativa do estado é dobrar tanto em produção, quanto em área de cultivo do grão nos próximos sete anos, para atender a exigência de exportação de 6 milhões de toneladas ao ano, oriunda da China. “Se este acordo for fechado, os chineses esperam que o estado exporte seis milhões de toneladas da oleaginosa para eles, por ano”, comemorou.
Para essa expansão, o estado prevê renovar até 3 milhões de hectares, subutilizados em áreas de pastagens, que ao todo somam 8 milhões de hectares, com produção de um animal a cada dois hectares. “A nossa proposta é a renovação nas áreas de pastagens, que já existem há mais de 40 anos no norte de Goiás, com uma produtividade muito baixa. Hoje temos mais de oito milhões de hectares de pastagens subutilizadas, são áreas que possuem menos de um animal por hectare, chegando na grande maioria dois hectares para um animal”, disse.
Arantes calculou que para cada mil hectares seriam necessários investimentos na ordem de R$ 2,5 milhões para a correção, limpeza e preparação do solo para receber a soja. Além da compra de maquinários. “Para o investimento total de área serão necessários mais de R$ 7 bilhões nos próximos sete anos, para adequar os 3 milhões de hectares que pretendemos utilizar. Não entram nesse cálculo os custos com infraestrutura, que terão que ser feitas, com novos armazéns”, ressaltou o analista.
Para Arantes, com a vinda dos chineses deve-se fechar um projeto piloto para adequar e produzir soja em 100 mil hectares. Passada essa experiência o estado deve partir para a duplicação de sua produção. “Então, em um primeiro momento faremos um teste em 100 mil hectares, para alinhar a modelagem, após isso aceleremos o projeto”, disse.
No início da década, a China foi responsável por 3% das aquisições de produtos do agronegócio brasileiro. Mas em 2010, o país asiático atingiu 14%, assumindo a liderança nas importações de produtos do Brasil. “Seremos a fazenda dos chineses”, finalizou Pedro Arantes.