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Al Kafeel no Brasil

Iraniana Al Kafeel instalou seu escritório no Brasil atraída pela possibilidade de ampliar os volumes de carnes de frango e bovina originados a partir do país.

Al Kafeel no Brasil

Há um ano, a iraquiana Al Kafeel instalou seu escritório no Brasil atraída pela possibilidade de ampliar os volumes de carnes de frango e bovina originados a partir do país. Entre 2009 e 2010, a empresa privada, ligada à ordem muçulmana xiita Alabbas Holi Shrain, importou US$ 192 milhões em carnes do Brasil. Desse valor, 80% foram carne de frango e o restante, carne bovina.

Além da disponibilidade, a qualidade do produto brasileiro também atraiu a importadora iraquiana, segundo o diretor-geral da operação no país, Riyadh Salman. O abate de aves e bovinos das empresas que vendem para a Al Kafeel segue o método halal, conforme os preceitos da religião muçulmana.

No Brasil, a empresa atua apenas na importação, principalmente de alimentos. Mas o grupo, que foi criado há cerca de três anos no Iraque, também tem negócios em outras áreas, como aviação civil e hotelaria e tem faturamento total na casa dos bilhões de dólares. Além da Alabbas Holi Shrain, a Al Kafeel tem como acionista o grupo iraquiano Karbalah.

Antes de ter escritório no país, a Al Kafeel importava carnes do Brasil por meio de tradings. “Diante do potencial desse mercado, decidimos abrir aqui”, afirma Salman.

Apesar de elogiar a qualidade do produto brasileiro, o executivo queixa-se do aumento dos preços das carnes no país e da burocracia. “Antes estávamos focados no mercado brasileiro, mas dificuldades nos levaram a buscar outros mercados”, diz, referindo-se também ao câmbio valorizado em relação ao dólar, o que torna os produtos do Brasil mais caros.

Por conta desse cenário, a empresa passou a importar frango também da Turquia, da Jordânia e do Kuait. E também já está buscando frango na Argentina, país que eleva suas exportações do segmento.

Ainda que aponte obstáculos no comércio com o Brasil, o executivo da Al Kafeel diz que o plano é ampliar as importações de carnes do país, até porque Kuait, Turquia e Jordânia não conseguem atender a demanda iraquiana por frango. “Mas temos que superar as dificuldades”.

Para ampliar as compras de carne bovina, por exemplo, a Al Kafeel negocia com seu fornecedor, a JBS, o desenvolvimento de uma embalagem para atender o mercado iraquiano. A ideia é de que sejam fornecidos cortes em embalagens menores e a vácuo.

O presidente da Câmara e Comércio e Indústria Brasil Iraque, Jalal Jamel Chaya, acredita no potencial de crescimento do comércio entre os dois países, tanto nas carnes quanto em outros segmentos. “O país está em reconstrução e há uma melhora no poder aquisitivo da população por conta do petróleo”, afirma Jalal Chaya.

Na década de 80, quando o Brasil exportava de automóveis a armas para o Iraque, o fluxo de comércio entre os dois países era de cerca de US$ 2,4 bilhões. O comércio se reduziu durante o período em que o Iraque ficou em guerra. Mas começa a se recuperar e no ano passado alcançou US$ 1,5 bilhão, segundo a Câmara. Entre janeiro e maio deste ano, as exportações brasileiras para o Iraque somaram US$ 325,1 milhões. O frango foi o principal item de exportação.