A suinocultura catarinense destaca-se de várias maneiras o que é comprovado pelos indicativos de desempenho nas mais diversas áreas que envolvem a cadeia suinícola, tais como; terminados porca por ano; leitões desmamados por ano; conversão alimentar; genética avançada; estado livre de aftosa sem vacinação desde 1993, certificação da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), além de estar uma atividade ambientalmente, em sua maioria licenciada, e conscientemente correta, fato comprovado pela ausência de ocorrências de diligências por parte dos órgãos ambientais e da policia militar ambiental. Não obstante a suinocultura catarinense corresponde a 21,43% do PIB estadual e é responsável por 25% da produção nacional de carne suína. Num cenário como este é difícil imaginar que a suinocultura de Santa Catarina esteja passando por uma crise sem precedentes, onde os depoimentos dos suinocultores e grande número de pocilgas vazias avalizam o caos atual desta atividade, que gera 65 mil empregos diretos e 140 mil empregos indiretos em beneficio da população catarinense. Isso nos faz pensar. Para quê? Para quê todo este esforço para se ter uma suinocultura de ponta, elogiável e de reconhecimento mundial se o suinocultor, principalmente os não integrados, estão falindo e desaparecendo? Para quê todo este status se um dos menores preços pago pelo suíno está em Santa Catarina?
Esta nova crise, novamente de natureza econômica, certamente causará um problema social, pois será inevitável o abandono da atividade por mais uma parcela de suinocultores que terão sua renda diminuída, perda de estímulos e deixarão que a ilusão de vida melhor nas cidades os seduzam. Além disso, o viés ambiental da sustentabilidade na suinocultura, para aqueles que teimarem em permanecer na atividade, estará em risco, pois com certeza o cuidado com o meio ambiente será relevado a segundo plano, o que de certa forma é entendível ainda mais se considerarmos que é difícil ser verde quando se está no vermelho. Mas o que fazer? Existem alternativas? De quem é a culpa? Para toda atividade que depende do mercado consumidor e do de commodities as oscilações e crises fazem parte do processo, portanto não há culpados a não ser o próprio mercado, e para tanto temos que tentar aprender a lidar com ele montando estratégias para que as futuras oscilações e crises sejam de menor impacto para o suinocultor. Estas estratégias necessariamente passam pela organização dos suinocultores que devem buscar alternativas para manter, principalmente, o custo de produção a níveis aceitáveis além de uma mobilização permanente de todos os envolvidos na cadeia da suinocultura, que via de regra só se une em momentos de crise.
A Associação Catarinense de Criadores de Suínos, deve ser a norteadora deste processo que busque antecipar momentos como este que o suinocultor está passando a fim de minimizar os efeitos da crise ao suinocultor catarinense e ser a primeira voz de uma articulação que reivindique em todas as esferas políticas e sociais, que o status de primeiro mundo conseguido pela suinocultura catarinense seja compensado economicamente ao elo mais fraco da cadeia suinícola, o suinocultor, pois senão, ser o melhor em tudo, para quê?
Por Felipe Penter
Msc. Engenheiro Agrônomo