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Mercado Interno

Carne suína pode invadir mercado paulista este ano

O estado, que produz 280 mil toneladas de suínos anuais com um consumo de 700 mil toneladas, deve receber quase 100 mil toneladas a mais do produto vindo de estados como Rio Grande do Sul.

São Paulo deve absorver quase 100 mil toneladas a mais de carne suína este ano, vindas de estados como o Rio Grande do Sul, que aprovou ontem (1) a prorrogação da isenção de impostos aos suinocultores. Com isso, a guerra fiscal entre os estados e os efeitos do embargo russo ampliam ainda mais os prejuízos do setor.

O estado paulista que consome aproximadamente 700 mil toneladas de suínos por ano, ou seja, 16,5 quilos por pessoa, começa a ser invadido pelo excesso de carnes destes animais vindos de outros estados. A produção paulista está em torno de 280 mil toneladas. A expectativa do presidente da Associação Paulista da Cadeia Suinícola (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, é que São Paulo receba 520 mil toneladas este ano. “Estamos sofrendo a pressão dos outros estados que despejam suínos aqui mais baratos. Eles possuem uma grande produção de grãos mais baratos. Além disso, ainda são isentos de impostos. Isso gera uma concorrência desleal”, afirmou.

Com o maior custo de produção de suínos entre os estados brasileiros, São Paulo, que já abate animais mais magros, iniciou o abate de matrizes, fato que pode gerar um forte desequilíbrio no mercado. O quilo do suíno ao produtor está em média R$ 2,35, sendo que o custo de produção ultrapassa a casa dos R$ 3,7 por quilo. “A situação no estado é extremamente preocupante, pois nosso maior problema, além do embargo russo, é o custo elevado de produção. Estamos perdendo em média R$ 60 por animal abatido”, garantiu Ferreira Júnior.

O milho, que representa 65% dos custos de produção do animal no estado, também alcançou uma alta valorização, fechando em média a R$ 32 a saca de 60 quilos, contra os R$ 19 vistos no mesmo período de 2010. “O que revolta os suinocultores do estado é que muita gente está se beneficiando dessa desgraça, estou saindo agora da rede de supermercados OBA, e na prateleira o lombo estava sendo vendido a R$ 17 o quilo, e o pernil a R$ 12, enquanto o produtor vende o seu suíno a R$ 2,35 o quilo”.

No Rio Grande do Sul o embargo russo às carnes também gerou perdas significativas para o setor. Entretanto, o governo do estado resolveu prorrogar por mais sessenta dias, a partir de 1º de setembro, a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), nas vendas de suínos vivos para fora do estado, e para a carne fresca, resfriada e congelada para dentro do estado. “Essa medida ajudou o produtor a manter a sua produção estável e deu um fôlego a mais para eles”, disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.

Já o Estado do Mato Grosso, além de não contar com ferramentas adequadas para a compra de milho para alimentar os animais, recebeu uma negativa do governo estadual a respeito do pedido de isenção de imposto. Em reunião com os produtores do estado, a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) pediu para que todos comecem abater os porcos com menos peso, para reduzir em 20% a oferta da carne no estado. “Ele [o governo estadual] afirmou que não poderiam queimar a pequena gordura que tinham [na arrecadação de impostos], e a nossa resposta, foi que se eles não queimarem a gordura, não terão carne”, frisou o diretor-executivo da entidade Custódio Rodrigues.

Para os catarinenses a opção de abater matrizes e diminuir o peso dos animais já não resolve o problema. E para piorar a situação os criadores do estado também não contarão com novas isenções de impostos. Além disso, o setor recebeu a confirmação do embargo russo a mais uma planta de suínos do estado. “A verdade é que temos muita carne no mercado, e soubemos a pouco que mais uma planta foi embargada no estado. Ficaremos com apenas uma planta exportando para a Rússia. Para piorar, não teremos milho suficiente, e nossos custos já são um dos maiores do País”, concluiu Losivânio Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).