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Embrapa tenta replicar a experiência brasileira

Entidade leva a países africanos sua experiência brasileira, dentro de um acordo de colaboração Sul-Sul.

Embrapa tenta replicar a experiência brasileira

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) espera colher os primeiros frutos do esforço de cooperação desenvolvido com países africanos para capacitação técnica e produção de alimentos e fibras, tomando como base a experiência da empresa em tecnologias aplicadas à agricultura tropical.

Entre outros projetos, afirma Antônio Prado, coordenador de cooperação técnica da Embrapa, a pesquisa brasileira desenvolve em Mali, com abrangência ainda para Burkina Faso, Benin e Chade, um trabalho de validação de variedades brasileiras de algodão com maior potencial para adaptação à região.

Os quatro países africanos já produzem a fibra, utilizando tecnologias importadas, mas pouco adequadas ao cultivo tropical. “Em 2012 talvez já tenhamos os primeiros resultados desse trabalho, com a edição de manuais de práticas agronômicas para aplicação naqueles países”, reforça Prado. Segundo ele, os resultados iniciais “mostram que nossas variedades têm registrado desempenho bem melhor do que as espécies adotadas naquela região, tanto em produtividade, quanto em vigor da planta e capacidade de germinação”.

O projeto Cotton Four, numa referência aos quatro países, envolve recursos totais de US$ 5,2 milhões, com participação dos governos locais e do governo brasileiro, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), subordinada ao Itamaraty, e da própria Embrapa, que entra na parceria com US$ 899 mil, referentes às horas de trabalho de seus pesquisadores.

A aproximação com o continente, parte da agenda do Diálogo Brasil-África sobre segurança alimentar, combate à fome e desenvolvimento rural, foi incrementada a partir de 2006, quando a diplomacia brasileira firmou um acordo de cooperação com o governo de Gana, prevendo, entre outros pontos, a instalação de um núcleo da Embrapa naquele país.

Atualmente, a empresa tem dado maior “ênfase”, comenta Prado, a projetos “estruturantes”, de maior visibilidade e alcance mais amplo. Neste momento, cinco iniciativas enquadram-se nesse perfil e vêm sendo tocadas, além de Mali, também no Senegal, para desenvolvimento da rizicultura, e em Moçambique, país que concentra três desses programas.

O orçamento dos cinco projetos chega a US$ 35,340 milhões, em valores aproximados, incluindo recursos do governo brasileiro, dos governos africanos e das agências norte-americana e japonesa de desenvolvimento e cooperação, respectivamente United States Agency for International Development (Usaid) e Japan International Cooperation Agency (Jica). A Embrapa participa com 44,5% desses recursos, ou US$ 15,720 milhões.

O apoio à cultura do arroz no Senegal envolve, além da pesquisa para adaptação de variedades brasileiras à região, o fornecimento de equipamentos para laboratórios de testes, num total de US$ 2,4 milhões (US$ 301 mil da Embrapa). A expectativa da empresa brasileira é de que já seja possível apresentar algum resultado da pesquisa adaptativa no próximo ano.

Moçambique deverá receber US$ 27,740 milhões, dos quais 52,3%, ou US$ 14,520 milhões, virão da Embrapa, distribuídos entre projetos de produção de grãos, hortaliças e de desenvolvimento de uma plataforma de inovação agropecuária. No primeiro caso, num arranjo trilateral envolvendo a ABC, a Jica e o governo moçambicano, está prevista a aplicação de US$ 14,6 milhões no desenvolvimento da produção de grãos no Corredor de Nacala, localizado na mesma latitude do Cerrado brasileiro. A Embrapa participa com US$ 6,1 milhões, sob a forma de horas de trabalho de seus pesquisadores.