A avicultura no Nordeste está se consolidando como um dos setores mais competitivos do País. Segundo o médico veterinário Jeovane Pereira, gerente de produtos e serviços técnicos de avicultura da Merial Saúde Animal, as pequenas criações estão deixando o mercado para dar lugar às grandes granjas que se apresentam com melhor performance. Ele explica que um dos fatores para isto está na associação eficiente entre custo de produção e volume. “Quanto mais aves, maior a produção e mais baratos os insumos. A empresa adquire mais competitividade”, afirma ele.
Na avicultura de corte, o Nordeste ainda só responde por 8% do setor nacional. Mesmo assim, segundo ele, os indicadores zootécnicos são bastantes expressivos na região. Esses resultados são definidos para o setor industrial, por meio de uma fórmula que mede ganho de peso, conversão de alimentos (quanto de ração a ave come para gerar um quilo de carne), mortalidade, idade e peso médio para o abate. Os dados definem o Fator de Índice de Eficiência (FEB), adotado por países da Europa, mas que servem de referência em todo o mundo para medir a boa produção da empresa. Quando o índice fica por volta de 300 a 350, indica boa produtividade.
“As aves são muito hábeis para produção de proteínas”, afirma ele, para explicar que, ainda assim, essa habilidade pode ser maximizada em função dos fatores de produção. A qualidade pode associar-se à matéria-prima da ração das aves. Para o frango de corte, a ventilação é muito importante e, nas galinhas poedeiras, a luminosidade é fator essencial. Elas precisam de 16hs de luz diária. No Nordeste, alguns desses fatores existem naturalmente, como a luminosidade. Para a produção de ovos na região, já há a garantia da maior economia no uso da luz artificial. Porém, no que se refere à ração, os Estados da região ainda não conseguiram autossuficiência na matéria-prima (milho e soja).
Ambiência
Um fator relevante na criação das aves é o conforto ambiental. Na avicultura, o bem-estar animal (BEA) pode significar a boa qualidade da alimentação e uma temperatura equilibrada da granja. Assim, as gaiolas podem assegurar a qualidade microbiológica. “As aves respondem muito bem aos fatores de bem-estar animal”, diz Jeovane Pereira. Geralmente, maiores investimentos em BEA significam também maior produtividade. “Geralmente, a produtividade dá-se em função do bem-estar animal”, afirma.
As condições ambientais adequadas da granja incluem não só a temperatura e boa ração balanceada, mas também o nível de umidade, ventilação mínima, transporte, acondicionamento, manejo e água limpa e com cloro. Todos esses fatores interferem diretamente na produção da granja. “Quando os resultados zootécnicos são bons, é sinal de que as aves demonstraram bem o seu potencial genético”.
Porém, segundo aponta o veterinário, os bons resultados dependem diretamente do trabalho de profilaxia (prevenção), o que exige do avicultor um bom trabalho de biossegutança na granja. Isto requer um eficiente programa de vacinação (imunoprofilático) contra quatro doenças: Bronquite Infecciosa (BI), Newcastle, Gumboro e Doença de Marek. Estas duas últimas são imunossupressora e causam depressão no sistema imunológico da ave. Já as duas primeiras afetam diretamente o sistema respiratório. Para todas elas há vacinas.
No Brasil, não há registro da Newcastle. Porém, como a região Nordeste situa-se na rota migratória de muitas aves, é essencial a prevenção contra esse mal. Da Doença de Marek e da BI há ocorrências no País.
Pereira explica que as vacinas vetoriais caracterizam-se pela alta tecnologia empregada na sua produção, de forma que conseguem prevenir contra mais de uma doença. Equipamentos são disponibilizados aos produtores na aplicação das mesmas.