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Energia

Bioenergia disputada

Goiás briga com Paraná e Minas Gerais pela liderança na bioenergia. Goianos investem em infraestrutura.

Após a expansão da produção de açúcar e álcool em Goiás, as usinas instaladas na região querem agora expandir o comércio de energia elétrica. A limitação imposta pela infraestrutura está prestes a ser superada no Estado. As empresas sucroalcooleiras terão participação em novos trechos de transmissão e algumas delas poderão até triplicar o volume de energia comercializado atualmente.

Com uma linha de transmissão que terá 600 quilômetros de extensão e passará por 11 municípios, a região irá, neste ano, triplicar o excedente de energia elétrica para comercialização, de 120 MW por hora para 360 MW por hora e deverá chegar em quatro anos a uma exportação da ordem de 2 mil MW por hora – mais do que o estado consome hoje.

Segundo André Luiz Lins Rocha, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), grande parte dessa energia já está vendida, aguardando a extensão da rede básica para que as empresas possam exportá-la. “Temos condições de triplicar esse volume (120 MW por hora) em 2010 e aumentar gradualmente até alcançar os patamares de 2 mil MW”, afirmou. A previsão é que a linha entre em operação comercial em novembro de 2010.

A primeira expansão da rede foi feita por meio de uma chamada pública realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O modelo escolhido foi o de Instalação Compartilhada de Geradores (ICG), locais onde são instaladas linhas menores que depois serão levadas para a rede básica. Nesse processo, várias usinas ofertaram e foi organizado um leilão para a concessão de três trechos, sendo um em Goiás e dois no Mato Grosso do Sul.

Em Goiás, um consórcio composto pelas companhias Furnas, Delta e Fuad Rassi investirá R$ 318,8 milhões na implantação de uma linha de transmissão gerada por nove usinas. Elas deterão 49%, 25,5% e 25,5% da linha, respectivamente. Do total do aporte, R$ 107 milhões serão provenientes de recursos próprios, R$ 104,8 milhões virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros R$ 100 milhões serão obtidos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). “Agora, as usinas estão terminando de estruturar a parte financeira, indo atrás de investimentos do BNDES ou de bancos privados. Os projetos já foram avaliados e as empresas estão dando entrada nos processos de servidão”, explica Rocha. Segundo o presidente do Sifaeg, em breve essas usinas iniciarão as construções das subestações e das próprias linhas que estarão parcialmente prontas em 2010.

Para Rocha, apesar de hoje a geração de energia estar atrás da venda de açúcar e álcool no faturamento das empresas, a importância do segmento se dá pela possibilidade de realizar contratos de longo prazo e pela geração de caixa que oferece. O Estado de Goiás sai na frente já que em menos de três anos recebeu 18 usinas, empreendimentos novos cuja construção da planta já inclui projetos de geração de energia. “Com certeza vamos receber mais investimentos nos próximos quatro anos e nos consolidar como o segundo maior produtor de co-geração de energia”, afirmou o presidente do Sifaeg. O estado é hoje o segundo maior produtor de etanol e quarto na produção de açúcar. “Em 2011, no mais tardar, queremos superar o Paraná e começar a brigar com Minas Gerais”, destaca Rocha.

Entre as usinas que participam da IGC de Goiás, a Usina São João (USJ) é uma das que mais ampliarão a co-geração e venda de energia. Com a finalização dos novos trechos de transmissão previstos para 2012, o excedente exportável da usina passará de 25 MW por hora para 70 MW por hora. “A energia é um segmento importante para o grupo. Hoje, exportamos pouco mais de 20 MW por hora, mas temos potencial para muito mais”, disse Igor Montenegro Celestino Otto, diretor de Relações Institucionais da USJ.

No mês passado, a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (Sefaz) autorizou a concessão de crédito outorgado e redução da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para operação interna de mercadoria ou bem destinado à construção e instalação de linhas de transmissão e subestações de energia elétrica produzida a partir do bagaço de cana por usinas localizadas em Goiás.