A umidade e as condições de chuva regular nas últimas semanas, somadas ao calor, devem garantir produtividade média de até 4 mil quilos por hectare e o Estado pode chegar às 5,125 milhões de toneladas previstas pela Emater, afirma o agrônomo da entidade Dulphe Pinheiro Machado Neto. “No florescimento e enchimento de grãos, a lavoura precisa de muita água e estamos tendo essa umidade.” Na semana passada, levantamento da Emater indicava 7% de área colhida – contra 10% em igual período da safra anterior – e produtividade média de 3.997 quilos por hectare. A entidade deve atualizar os números hoje. “Mais de 70% das lavouras já passaram da fase crítica, o que indica bons resultados.”
Apesar da projeção otimista de produção, a remuneração preocupa. De acordo com o economista da Fecoagro Tarcísio Minetto, o ano não deve ser tranquilo para os produtores de milho. Segundo ele, o custo de produção da saca caiu de R$ 22,39 na safra passada para R$ 19,62, queda de 13%. No entanto, o preço da saca diminuiu 21,86% e passou de R$ 21,00 para R$ 16,41 neste ano. “O produtor que tiver ganho de produtividade conseguirá compensar, mas será uma margem nada confortável”, avalia Minetto. Para ele, o agricultor precisará de rendimento superior a 80 sacas por hectare para obter lucro. O economista acredita que crise, câmbio e custo tiveram impacto no preço. “As exportações de carne e frango afetaram a demanda e os embarques de milho estão menores.”
O presidente da Abramilho, João Carlos Werlang, espera que a colheita brasileira iguale ou supere os 51 milhões de toneladas da safra passada, devido ao clima e ao maior uso de variedades transgênicas, mas concorda que o mercado está em baixa. Segundo ele, o estoque de passagem, de 11 mil toneladas, é grande. Ontem, 35 produtores gaúchos participaram de dia de campo da Ufrgs e Emater para debater os rumos da safra em Eldorado do Sul.