O clima que beneficiou a safra de verão brasileira não será tão favorável à safrinha que está sendo plantada. A avaliação é do meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo ele, o Mato Grosso pode enfrentar veranicos e o Paraná pode ter problemas com o frio antecipado neste inverno. Juntos, os dois estados cultivam mais de 60% do milho safrinha do país.
“O Centro-Oeste, no Mato Grosso em especial, pode ter dificuldade com a chuva, que vai embora mais cedo este ano. No Centro-Sul, é o frio que chegará mais cedo. As primeiras ondas de baixas temperaturas acontecem a partir de abril”, relata Lazinski. Ele explica que o El Niño continua ativo nos próximos meses, mas começa a perder força. O resultado é a diminuição gradativa do volume de chuvas na porção Centro-Sul do país. “Continuarão acima da média durante o restante do ciclo de verão, mas nada tão exagerado quanto em janeiro”, esclarece.
A safra de verão, frisa o meteorologista, não deve ser prejudicada. Já a safrinha, pode sofrer com o frio antecipado. Temperaturas abaixo da média em abril e maio tendem a alongar o ciclo do milho e deixar a lavoura mais vulnerável a perdas. No Oeste do Paraná, há risco de geadas a partir de junho. A boa notícia, completa Lazinski, é que o clima frio com chuvas espaçadas é muito bom para o trigo.
No Centro-Oeste, também não há riscos para a safra de verão, mas a antecipação da estação seca pode comprometer o enchimento dos grãos e tende a limitar a produtividade do milho safrinha. Em Mato Grosso, o cereal de inverno deve ocupar área 5,8% maior neste ano, num total de 1,7 milhão de hectares, segundo estimativa do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).