A produção de milho no Brasil referente à safra 2009/2010 aumentou mais do que o previsto e têm pressionado os preços de comercialização do grão em todos os estados produtores. Com o intuito de reequilibrar a oferta e demanda do produto, o Ministério da Fazenda sinalizou ser a favor da redução do preço mínimo do grão, definido em junho do ano passado. O órgão acredita que, dessa forma, a produção tende a diminuir e os preços a aumentarem.
A medida está sendo discutida com o Ministério da Agricultura (Mapa), que se manifestou contra a diminuição dos preços. A reação do mercado em relação à questão, até agora, é bastante divergente.
O estado do Mato Grosso, maior produtor de milho do país, é um dos mais afetados pela desvalorização, onde a saca de milho está sendo comercializada abaixo de R$ 9, enquanto o preço mínimo definido para a região é de R$ 13,98.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os estoques herdados de safras anteriores é a maior preocupação dos produtores da região, que temem preços como os praticados atualmente nos municípios de Sorriso, no valor de R$ 6,50; Tangará da Serra, R$ 7,50; entre outros.
De acordo com o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, os valores estabelecidos estão fora da realidade do mercado interno e externo. “Acredito que a redução dos preços para a safra 2010/2011 seja necessária para equilibrar a comercialização do milho”, afirma ele.
Já para a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), os preços não devem sofrer manutenção. “Não compartilhamos com a diminuição, o produtor já fez os investimentos para esta safra e dependerá do apoio do governo para tentar tirar a diferença entre custo de produção e preço de mercado”, afirma Aprosoja, em comunicado.
Segundo avaliação do analista da AgRural, Rodrigo Nunes, a manutenção dos valores não foi bem aceita pelos produtores. Para Nunes, a expectativa deles é de que o governo interfira por meio dos leilões a fim de ajudar o setor.
“Se o governo resolvesse o caso do Mato Grosso, que é o mais grave, a situação melhoraria para o país inteiro”, diz Nunes.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), João Carlos Werlang, o governo tem que fazer mais armazéns e incentivar as exportações e não desestimular a produção.
Atualmente os estoques públicos estão com 5,3 milhões de toneladas de milho.