Hoje, 85% da energia consumida no mundo vem de fontes não-renováveis, que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. Exemplos disso são o petróleo, o gás-natural e o carvão. No Brasil, o cenário é diferente. Cerca de 48% do total de energia ofertada é obtida de fontes renováveis, como a biomassa, a energia hidroelétrica e os biocombustíveis. Essa posição coloca o país na liderança mundial do setor de agroenergia. Além disso, a extensão territorial e os recursos naturais brasileiros possibilitam ampliar a produção de insumos energéticos provenientes da biomassa.
“Os avanços na substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, servem de modelo e inspiração para outras nações”, destaca o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães. Ele lembra que, com o Plano Nacional de Agroenergia lançado pelo Ministério da Agricultura em 2006, o país se organizou, definiu diretrizes de política pública para o negócio de agroenergia e impulsionou os esforços público-privados para a agenda de substituição do combustível fóssil e do desenvolvimento sustentável. A criação da Embrapa Agroenergia foi uma das ações do plano.
Durães explica que a unidade é responsável pela coordenação das ações institucionais e por um programa de desenvolvimento tecnológico, que aperfeiçoam as matérias-primas atuais e potenciais do país e a utilização da energia. “Em quase quatro anos de funcionamento, a unidade alinhou sua atuação ao sistema Embrapa, que há 37 anos desenvolve trabalhos de pesquisas com excelência em produção de biomassa”, ressalta. A Embrapa Agroenergia complementa e revigora as pesquisas desenvolvidas para fins energéticos nas demais unidades, potencializando competências, redes de conhecimento e recursos materiais e financeiros, em busca do cumprimento de sua missão e objetivos.
Nova sede – Nesta quinta-feira, 2 de dezembro, a unidade de Agroenergia inaugura a sua sede própria, com modernos laboratórios e plantas-piloto preparados para a caracterização e a conversão de biomassa em energia, contando com facilidades para pesquisa básica e aplicada de processos industriais. Em área de quase dez mil m², a unidade tem quatro laboratórios temáticos – Biologia Energética, Processamento e Conversão de Biomassa, Tecnologias de Coprodutos e Gestão do Conhecimento – e conta com o suporte de uma Central de Análises Químicas e Instrumentais e de um complexo de plantas-piloto (para estudo de novas espécies). O projeto foi desenvolvido segundo conceitos ecológicos, incluindo iluminação natural, reaproveitamento das águas da chuva, estudo do regime de ventos locais, tratamento das águas provenientes de laboratório, aproveitamento de resíduos sólidos, climatização por resfriamento evaporativo, cobertura verde, além de aquecimento de água por meio de placa solar.
“Com as pesquisas e o conhecimento gerado, a Embrapa poderá contribuir cada vez mais para a tomada de decisões públicas e privadas com dados técnicos consistentes”, afirma Durães. Para ele, estrategicamente, será fundamental que o Brasil amplie a aplicação de recursos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, visando a obter saltos de competitividade, incrementando o suprimento de energia proveniente de fontes renováveis e fortalecendo a liderança do país na produção de matérias-primas de interesse energético.