A maior participação da sociedade civil na elaboração de políticas públicas para alimentação e diminuição da pobreza são fatores que fazem com que o Brasil tenha motivos para comemorar o Dia Mundial da Alimentação, de acordo com a conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recini.
Entre 1995 e 2008, a pobreza absoluta (rendimento médio domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal) caiu 33,6% no país, o que significa que 12,8 milhões de pessoas aumentaram seu rendimento. No mesmo período, 13,1 milhões de brasileiros superaram pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal), diminuindo em 49,8% a quantidade de pessoas nessa condição. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Como conquista na área neste ano, a conselheira citou a aprovação da Emenda Constitucional 64, que inclui a alimentação entre os direitos sociais estabelecidos na Constituição Federal e a assinatura da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Este documento define estratégias para assegurar a alimentação adequada e saudável em todo o país.
Outro motivo de comemoração destacado pela conselheira é o aumento da participação de setores civis, como indígenas, quilombolas e pesquisadores acadêmicos, na formulação das políticas públicas de alimentação por meio do Consea.
O cenário mundial, no entanto, não remete ao otimismo. Segundo o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Gustavo Chianca, em 2009, o número de pessoas que passam fome no mundo chegou a 1 bilhão em consequência da crise financeira mundial. “Nunca houve tanta gente passando fome no mundo”, disse.
Em protesto contra o aumento da pobreza, a FAO divulgou um documento que pede aos governantes que priorizem a erradicação da fome. O projeto One Billion Hungry (Um Bilhão de Pessoas com Fome) tem 1 milhão de assinaturas em todo o mundo. O Brasil é o terceiro país que mais colaborou, com aproximadamente 115 mil assinantes.
Segundo o coordenador de ações internacionais de combate à Fome do Itamaraty, Milton Rondó Filho, o Haiti é o país que mais recebe recursos do governo brasileiro destinado à ajuda humanitária internacional. Só este ano foram destinados US$ 265 milhões para os haitianos, enquanto todos os outros países que receberam ajuda brasileira receberam US$ 50 milhões.