Pela primeira vez neste no ano, as exportações brasileiras de milho superaram 1 milhão de toneladas num mês. Em agosto, foram embarcadas 1,192 milhão de toneladas, 220% mais do que o exportado no mesmo mês do ano passado, conforme números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela consultoria Céleres. No acumulado do ano, as vendas externas totalizaram 3,548 milhões de toneladas, ainda 9,5% a menos do que nos primeiros nove meses de 2009.
Leonardo Sologuren, analista da Céleres, avalia que o aumento do embarque em agosto foi possível graças aos leilões de prêmio de escoamento de produto (PEP), realizados pelo governo para desovar milho do mercado. Foram quase 11 milhões de toneladas do grão com frete subsidiado pelo governo. Boa parte do produto foi direcionada à exportação.
Para o analista, os reflexos da quebra da safra de trigo na Rússia e países europeus ainda não apareceram nos embarques. “Ainda não tem influência do problema lá fora”, disse, explicando que os contratos de exportação são fechados com antecedência.
A expectativa é que o impacto apareça a partir deste mês, já que a perspectiva de menor oferta de trigo nesses países produtores puxou o preço dos grãos em Chicago e abriu espaço para o produto brasileiro no mercado. O milho pode substituir o trigo na ração em alguns países.
Diante das exportações de milho aquecidas, os preços do grão tiveram forte alta nas últimas semanas no mercado interno, também efeito da alta lá fora. Segundo levantamento da Céleres, em um mês, terminado no dia 17 de setembro, a saca saiu de R$ 17,00 para R$ 19,30 em Cascavel (PR). Na mesma comparação, o milho teve ganho de 15% em Rondonópolis (MT), para R$ 11,50 a saca. Em Campinas, a valorização foi de 19,5% em um mês.
De acordo com Sologuren, há potencial para os preços subirem mais à medida em que a exportação cresce. A Céleres mantém a estimativa de que os embarques alcancem 8,5 milhões a 9 milhões de toneladas este ano. A previsão da Conab é que as vendas externas alcancem cerca de 9,5 milhões de toneladas de
O analista considera a possibilidade de mais altas em Chicago, onde os contratos de segunda posição já subiram 43,69% desde 30 de junho deste ano, para US$ 5,2125 por bushel. “As lavouras nos EUA estão com nível de produtividade abaixo do esperado”, argumentou.