As exportações brasileiras de produtos de frango termoprocessados (cozidos) para Argélia devem deslanchar nos próximos meses. Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e empresas participaram, nesta quinta-feira (16/9), em Argel, de uma audiência na Divisão de Serviços Veterinários do Ministério da Agricultura do país árabe para solucionar um impasse burocrático que impedia os embarques.
De acordo com o gerente das Relações com o Mercado da Ubabef, Adriano Zerbini, as autoridades brasileiras fizeram uma interpretação demasiadamente restrita, diferente das autoridades argelinas, no que se refere à habilitação de frigoríficos para exportações à Argélia.
“O governo brasileiro afirmava que só poderia liberar a exportação após a inspeção e aprovação da unidade produtora pelas autoridades argelinas, que, por sua vez, respondiam que não fariam a inspeção, pois entendiam que as unidades produtoras certificadas pelo governo brasileiro para a lista geral [de frigoríficos aprovados pelo Mapa para exportação] estariam automaticamente habilitadas”, explicou Zerbini.
Segundo ele, a embaixada brasileira em Argel enviou comunicado para oficializar e esclarecer o impasse e para que o governo argelino solicite formalmente a lista de empresas habilitadas pelo Mapa e que produzem nos moldes do abate halal. “O Ministério das Relações Exteriores da Argélia fará também um documento para oficializar o impasse burocrático que impedia as exportações”, destacou.
O secretario geral da Câmara de Comercio Árabe Brasileira, Michel Alaby, acompanhou a reunião e disse que “já existe uma certificação aprovada desde 2002, que está em vigência desde 2008, mas ainda há uma pendência para exportação, que é a questão da aprovação da lista dos abatedouros brasileiros”. “Depois dessa reunião, acredito que o Brasil poderá finalmente começar a avançar nas exportações de frango processado para a Argélia”, afirmou Alaby.
Ele acrescentou que a Argélia vai licitar a operação de três abatedouros para processar carne de boi e ovina com capacidade para 40 mil toneladas por ano. Os representantes do ministério pediram também algum intercâmbio de informações cientificas no âmbito veterinário e nas áreas avícola e bovina.
“Eles querem troca de informações referentes a produtos animais, com relação à questão sanitária, e colaboração técnica entre laboratórios brasileiros e argelinos na área veterinária. E ainda uma maior participação de especialistas em seminários, fóruns, no que tange a questão sanitária e a produção animal”, concluiu Alaby.