O abate clandestino de animais é uma forte ameaça à saúde, uma vez que descarta todo tipo de fiscalização sanitária quanto à higiene e outras procedências. O problema já foi bem mais grave do que é hoje em Umuarama e região, porém, engana-se quem pensa que a cidade está livre do abate clandestino de animais.
Segundo o médico veterinário do Sistema de Inspeção do Paraná (SIP) de Produtos de Origem Animal (POA), Sérgio Massao Toyoda, na região de Umuarama ainda há muito abate clandestino, de acordo com as fiscalizações feitas pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Todo mês são recebidas denúncias na Seab referentes a abates clandestinos que chegam a totalizar quatro a cada trinta dias. Isso porque o principal incentivador da prática é o consumidor, que prefere comprar o animal abatido de forma ilegal correndo riscos de saúde para conseguir melhores preços. É a clandestinidade, inclusive, que pode explicar algumas diferenças muito grandes de um açougue para o outro.
Da inspeção que o SIP faz nos frigoríficos de Umuarama, do total de animais abatidos, de 2 a 10% estão contaminados, geralmente com cisticercose, brucelose e tuberculose. Quando é encontrado sinal de alguma zoonose, a carne é mandada ou para a graxaria ou ao tratamento térmico, que em temperaturas muito baixas mata o parasita. “Se nos frigoríficos já encontramos problemas, que devem ter no mínimo dois veterinários só para verificar a questão da higiene, dá pra se imaginar a quantidade de riscos que a carne de um animal abatido clandestinamente pode oferecer”, comenta o inspetor.
Nas fiscalizações, o suíno tem dado menos problemas do que os bovinos, que por sua vez, também são a maioria quando o assunto é ilegalidade.
Além da questão de higiene, há toda uma legibilidade que tange o direito dos animais no momento do abate e que devem ser respeitadas para garantir o menos possível de dor ao animal.
Segundo Sérgio, uma das maneiras de descobrir áreas de abate clandestino é a presença de urubus e traves rústicas para pendurar os animais. Já para o consumidor é só comprar o alimento em locais idôneos e verificar o carimbo SIP/POA na carne, ou do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) ou federal (SIF). Por via das dúvidas, já que nem sempre é possível perceber o carimbo, o cozimento e o conhecimento do local em que se está comprando são as únicas ferramentas do consumidor contra a clandestinidade.
“O abate só não é clandestino quando ele é feito para consumo próprio” afirma a coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Umuarama, Renata Pititto.
Com isso fica bem mais difícil fiscalizar. Esse foi por muitos anos o grande problema da vigilância sanitária, mas agora está atenuado, ao menos no que chega a área comercial. “Mas quando a pessoa faz isso em sítios e residências não podemos controlar”. Atualmente a vigilância vai ao açougue e pela nota investigam a procedência daquela carne. “Hoje não temos nenhuma infração dentro do estabelecimento comercial e para fiscalizar onde isso mais ocorre, em sítios e casas, precisaríamos flagrar a pessoa vendendo”, finaliza.
Dicas importantes
– O primeiro passo ao adquirir qualquer produto de origem animal é verificar se o alimento passou por algum serviço de inspeção federal, estadual ou municipal. Geralmente, essa informação é apresentada nas embalagens ou nos próprios locais de venda. Lembre-se: a ausência dessa indicação coloca em dúvida a origem do produto
– Quanto à aparência, a carne fresca deve apresentar cor vermelho-cereja brilhante. Entretanto, nas carnes embaladas a vácuo é normal um tom mais escuro, próximo ao marrom. Isso ocorre pela ausência de oxigênio, porém, uma vez aberta a embalagem, em contato com o oxigênio, a carne retoma sua cor característica
– Também se recomenda que nos locais de compra é fundamental verificar a limpeza, higiene, organização do estabelecimento e o uniforme dos manipuladores
– Nos balcões refrigeradores deve-se conferir a temperatura de refrigeração dos produtos, que deve estar no máximo a 7º C. Além disso, os produtos não devem estar em excesso nos balcões para não dificultar a circulação de ar frio, prejudicando a conservação dos alimentos em temperaturas adequadas
– A carne moída deve ser processada (moída) na presença do consumidor ou no máximo 30 minutos antes de ser vendida
– Observar se a carne está acondicionada de forma adequada, evitando excesso de líquido nas bandejas.