A ocupação de terras férteis para o cultivo de soja na região norte de Mato Grosso teve início em meados da década de 70, quando famílias gaúchas foram assentadas pelo Incra em terras localizadas a cerca de 350 quilômetros de Cuiabá. Diferentemente de assentamentos que tocaram a agricultura de subsistência, o pequeno núcleo de produtores preferiu plantar soja. Construíram uma lavoura, depois trocaram seus barracos por casas de alvenaria, conseguiram comprar algumas máquinas, ampliaram a superfície plantada, tornaram a área um vilarejo e alcançaram a condição de município.
Um exemplo de cidade que surgiu dessas mãos é Lucas do Rio Verde, que hoje exibe um dos melhores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) entre os 141 municípios do Estado. Tudo graças à soja. “A soja irriga e aduba a nossa economia aqui”, festeja o ex-prefeito do município, Otaviano Pivetta. Ele mesmo exemplo do crescimento da riqueza na região.
Em 1983, Pivetta deixou a cidade gaúcha de Caiçara para levar uma mudança, de caminhão a um assentamento de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá). Conseguiu uma área de 200 hectares para iniciar o cultivo de soja. Gostou, trouxe toda a família e acabou ficando. Mais tarde virou prefeito e hoje administra 10 unidades de produção de 150 mil hectares, o suficiente para encher, sozinho, nove navios a cada safra.
Divisas- A soja proporcionou transformações como essas em várias regiões brasileiras. Responsável por 60% da safra mato-grossense de grãos em 2009/2010, com 18,70 milhões de toneladas, a soja movimenta bilhões de reais a cada safra. Só no primeiro quadrimestre deste ano, os negócios com exportações de soja chegam perto de US$ 2 bilhões, 69,55% do volume total dos produtos do agronegócio mato-grossense.
A expansão da cultura, iniciada na década de 70, explodiu mesmo na década seguinte, quando tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e entidades dos produtores permitiram à cultura expandir-se pelas regiões de cerrado.
Um exemplo deste avanço está no ex-governador Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo. Maggi foi apenas mais um [produtor] que acreditou na soja, juntando-se a outros milhares de migrantes do Sul do país que trouxeram ao Estado a capacidade técnica para aproveitar bem a topografia plana, propícia à mecanização, e um clima bem definido para a agricultura, com chuvas regulares e insolação o ano inteiro. Rapidamente, velhos latifúndios, que só rendiam desmatamentos, garimpos poluidores e gado maltratado, deram lugar às fazendas profissionalizadas e aos homogêneos campos verdes entremeados de cidades promissoras.
Numa das propriedades da família Maggi nasceu, por exemplo, a pequena Sapezal, hoje com 13 mil habitantes.