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Em parceria, Basf desenvolve nova geração de transgênicos

A tecnologia, conhecida como "mutagênese direcionada", produz novas características como resistência a herbicidas.

Redação (29/01/2009)- O grupo químico alemão Basf anunciou ontem que desenvolveu uma nova geração de culturas geneticamente modificadas, por meio de um método de manipulação meticulosa do próprio DNA da planta, sem inserir genes externos. 

A tecnologia, conhecida como "mutagênese direcionada", produz novas características como resistência a herbicidas, que são muito similares às alcançadas por meio da modificação genética convencional das plantas. No entanto, como não há necessidade de adicionar genes, o método provavelmente evitará os obstáculos políticos e de regulamentação que vêm atrasando a introdução das culturas transgênicas, particularmente na Europa. 

A Basf colabora com a Cibus, uma empresa de ciência de vegetais dos Estados Unidos, que descobriu originalmente como realizar a mutagênese direcionada. As duas empresas produziram linhagens de canola que toleram o herbicida Clearfield, da Basf. O maior alvo de ambas são as sementes Roundup Ready, da Monsanto, que dominam o setor transgênico. 

A idéia é que o agricultor plante as sementes de canola resistentes ao Clearfield e depois utilize o herbicida para matar ervas daninhas sem prejudicar a cultura. 

A Basf espera colocar no mercado sua nova variedade de canola resistente a herbicidas até 2013, segundo Dale Carlson, cientista sênior da empresa. É um processo muito mais rápido do que comercializar um novo evento transgênica, porque o processo regulador é menos exigente. 

"Mesmo em países como os EUA, no qual os transgênicos são amplamente aceitos, o processo regulador para culturas transgênicas pode levar muitos anos a mais do que o da mutagênese direcionada", afirmou Stephen Evans-Freke, presidente do conselho da Cibus. "Na Europa, pode fazer a diferença entre a aprovação e a desaprovação." 

Elise Kissling, da unidade Basf Crop Protection, destacou que o anúncio não deve ser interpretado como um passo na direção oposta aos organismos transgênicos. "Não estamos contra os transgênicos e continuaremos a desenvolver variedades transgênicas, mas queremos dar opções aos agricultores", afirmou. 

A Basf Crop Protection teve vendas de ? 3,1 bilhões em 2007 – de um faturamento total de 58 bilhões do grupo. Seu transgênico mais conhecido é uma batata resistente a pragas. Evans-Freke afirmou que um grupo de investidores privados gastou entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões nos últimos oito anos para financiar as pesquisas da Cibus. 

A tecnologia da Cibus, cujo nome comercial é Rapid Trait Development System (sistema de desenvolvimento rápido de características, numa tradução livre) usa a própria estrutura genética da planta para mudar seu DNA de uma forma específica. 

Por exemplo, os cientistas da Basf especificaram duas "letras" que queriam modificar entre as bilhões presentes no código genético da canola, para tornar as plantas resistentes ao Clearfield. A mutagênese direcionada permitiu-lhes concretizar a tarefa em um ano. 

A Cibus deve anunciar em breve testes de campo bem-sucedidos com outras culturas, com arroz e sorgo, segundo Evans Freke.