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Economia

Lula faz esforço para elevar investimento da China no Brasil

China já investiu US$ 18 bilhões no exterior em 2009, mas nada na economia brasileira

A China já investiu US$ 18 bilhoes no exterior este ano, em plena crise financeira global, conforme levantamento do provedor de dados Dealogic, de Londres, mas nem um centavo tomou o rumo do Brasil. Do montante, US$ 3,4 bilhoes foram destinados à América Latina para compra de participação da mina chilena Escondida, a maior produtora de cobre do mundo.

Em cinco anos, os investimentos chineses somaram US$ 129 bilhoes no exterior, mais em aquisição e compra de participações do que em projetos novos. Com relação ao Brasil, enquanto o comércio bilateral cresce em ritmo veloz, as inversões chinesas representam um mísero 0,3% do estoque aplicado pelas companhias estrangeiras na economia brasileira como investimentos estrangeiros diretos.

As autoridades chinesas não cessaram de acenar com participações, especialmente na área de commodities, mas dois grandes projetos da Baosteel no Espírito Santo, no montante de US$ 6 bilhoes, e da Chalco, com US$ 2 bilhoes no Pará, foram cancelados.

É nesse cenário que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca hoje em Pequim para uma rápida visita, na qual a “dinamização” dos investimentos está no centro da agenda com o líder chinês Hu Jintao. No papel, a ideia é ambiciosa. Os dois presidentes vão anunciar um plano de ação para 2010-2014 para multiplicar comércio, investimentos e cooperação em outras oito áreas.

“Desta vez esperamos que os investimentos fluam para o Brasil”, afirmou ontem o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney. Ele disse que vem sendo procurado com frequência por companhias chinesas interessadas em investir no país. Exemplificou com o caso da San-y, construtor de equipamentos pesados, como guindastes, que quer abrir fábrica em São Paulo, mas sem mencionar local ou valor dos investimentos.

Boa parte das autoridades brasileiras diz a mesma coisa. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, contou recentemente que tem recebido um número importante de empresários chineses dispostos a investir em etanol, agricultura, mineração, etc. Se algum negócio vai ser fechado, é outra coisa.

Marcos Caramuru, o cônsul brasileiro em Xangai, diz que “todo dia” vê empresa chinesa querendo ir para o Brasil. No meio da crise e sentado em reservas de US$ 2 trilhões, o governo chinês quer internacionalizar as empresas diversificar mercados.

Para os dois diplomatas, os investimentos chineses no Brasil já são bem mais importantes do que as cifras indicam. Isso por duas razões: primeiro, o BC não tem registro de investimento estrangeiro, e sim apenas de transferência de recursos. E boa parte do investimento seria feita via paraísos fiscais, que apareceriam como a origem dos recursos. No entanto, um estudo do Ministério do Desenvolvimento fez um levantamento apenas com base em anúncios feitos por companhias. E o montante a que chegou não passou de US$ 400 milhões, desde 2004.

Globalmente, o grosso dos investimentos chineses tem sido na área de commodities. Este ano, o maior negócio foi na Austrália, de quase US$ 10 bilhoes. Mas onde Pequim joga pesado é na África.

“O Brasil perde investimentos chineses para a África”, diz um empresário. “Eles não querem respeitar o ambiente, querem levar chineses para trabalhar em seus projetos, não respeitam leis trabalhistas e tudo isso complica seus planos no Brasil. Na África, não.”

Em 2007, a China financiou 300 projetos na África, sendo visto como franco atirador. Somente no Congo, são US$ 9 bilhões de investimentos que lhe dão garantia de acesso a reservas de cobre e cobalto, entre as maiores do mundo. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) condicionou empréstimo ao país à revisão de acordo com os chineses.