Redação (21/01/2009)- Mesmo com o início da colheita da soja e a sinalização de bons preços para o milho, a maior parte dos produtores da região de Sinop, Norte de Mato Grosso, ainda não sabe se vai plantar a safrinha 2009. O que tem causado essa incerteza são os altos custos de produção diante dos baixos preços pagos por quem compra o grão.
Em setembro do ano passado, representantes de Sindicatos Rurais da região já haviam alertado os produtores sobre os riscos dessa safrinha, temendo, justamente, o cenário de instabilidade do mercado. A recomendação era para que os agricultores não fizessem compromissos para a safrinha do milho e aguardassem uma melhora do mercado como garantia de margens mínimas de lucros nesse ano.
Em 2009 a situação se mantém. Mesmo com o aumento de 13% no preço da saca de 60 kg – o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontou que o valor atingiu R$ 24,29 na primeira quinzena do mês – o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, explica que ainda falta comercialização. "Essa reagida no preço ainda não garante lucros. Valorizou, mas não tem comprador, o comércio está parado ainda. Por enquanto a safrinha de milho é uma incógnita na região de Sinop".
Enquanto que em 2008 a safrinha do cereal atingiu 180 mil hectares semeados na região e 55 mil no município, em 2009 as lavouras, para quem decidir plantar, não devem ultrapassar os 500 hectares. O agricultor Gilson Gobbi, que plantou 4,4 mil hectares de soja, diz que reservou apenas 500 hectares para o milho.
Segundo ele, a conta, entre os custos de produção e os lucros possíveis de serem levantados com a safrinha, não bate. "O mercado está muito ruim. Ainda não compensa plantar o milho. Se fizermos um cálculo entre o valor mínimo que o governo paga e o custo de produção que temos, o resultado é prejuízo. Além disso, as dificuldades que temos atualmente para conseguir crédito, também impedem o plantio. Sem dinheiro não tem como plantar".
Se Gobbi decidiu plantar poucos hectares, outros agricultores sequer vão plantar. José Gilmar Reis foi categórico. "Não vou me endividar para colocar comida no mercado brasileiro. Um mercado que não valoriza os agricultores. O governo não dá condições para os agricultores, então penso que os agricultores também não devem dar comida para o governo, pelo menos até que haja uma valorização do setor".
Leonildo Barei garantiu que também não vai plantar nessa safrinha. E mais, é a favor de um boicote dessa cultura em 2009. "Se eu plantar serão dez hectares. Somente para consumo da fazenda mesmo. Não temos mercado hoje. Então a solução é deixar faltar milho no mercado para a melhoria dos preços. É que quando tem sobrando os compradores abusam e pagam um absurdo de barato, praticamente temos que dar o milho a eles. Então se faltar em um ano, no próximo vão pagar mais".