Um relatório divulgado nas últimas semanas mostrou uma realidade diferente das que de costume com relação aos biocombustíveis. O estudo indicou que praticamente todos os atuais biocombustíveis produzidos e utilizados no mundo são mais poluentes e nocivos ao meio ambiente do que o petróleo.
O economista, Argemiro Luís Brum, aborta este tema em sua coluna no Portal Agrolink. Em primeiro lugar, na grande maioria dos países a produção de biocombustíveis ocupa as terras que são utilizadas para a produção de alimentos. Além, igualmente, de invadirem áreas de florestas. Em segundo lugar, o que seria um balanço até certo ponto positivo em relação aos biocombustíveis, pode se transformar rapidamente, na prática, em algo catastrófico para a humanidade, segundo o relatório. Em terceiro lugar, o estudo, preciso e objetivo, mostra que na hipótese dos biocombustíveis serem produzidos mediante áreas desmatadas em zonas tropicais, a situação é crítica.
Ainda conforme o relatório O biodiesel de colza/canola, por exemplo, acusa uma quantidade de carbono nocivo duas vezes superior ao que existe atualmente com o uso do combustível fóssil (petróleo). Além disso, a quantidade de óleo de colza que passa a ser transferida para a produção de biodiesel, e que seria para o consumo humano, acaba tendo que ser substituída pelo óleo de palma num grande número de países.
Segundo Brum os discursos políticos acabam ultrapassando o ponto científico e induzindo a sociedade de que produzir biocombustível é a melhor solução para a ecologia global. “Os recentes estudos vêm mostrando, em termos mundiais, que não é bem assim. Obviamente, alguns produtos, como o etanol de cana, ainda possuem alguma vantagem sobre os demais, particularmente no Brasil, porém, está longe de ser a panacéia para os problemas existentes em torno do tema”, critica.
Os resultados ainda são novos e a pesquisa deve evoluir mais rápido sobre esse tema. “Na ânsia de querer encontrar alternativas economicamente viáveis ao petróleo, corremos o risco de poluir ainda mais o Planeta. É preciso, portanto, deixar a ciência evoluir mais, antes de nos lançarmos em práticas duvidosas. Um dia, certo, precisaremos substituir o petróleo, porém, por enquanto os estudos indicam que se torna mais sábio controlar melhor o uso deste combustível do que se lançar a tentar gerar, em escala comercial, alternativas que começam a se comprovar, em boa parte dos casos, piores”, enfatiza o colunista.