Por Edson Luiz Bordin *
Em 2009, o mundo foi surpreendido com uma epidemia de gripe nova, cuja transmissão foi erroneamente associada à suinocultura. A atribuição do nome da doença como gripe suína estigmatizou a carne de porco, ocasionando uma redução significante no consumo desta fonte de proteína no País, no período do surto. O episódio se deu pelo fato da mutação do vírus ter ocorrido, aparentemente, nos suínos e a conseqüência disso foi o impacto em um setor importante para a economia nacional. Ainda atualmente se ouve a citação de gripe suína na mídia, o que é uma lástima, pelo perigo de evocar “fantasmas” passados.
Não foi apenas a epidemia de H1N1, denominação correta da gripe que havia sido erroneamente atribuída ao porco, que colocou ou coloca em xeque esta fonte de proteína. Há quem relacione a carne suína com má nutrição e/ou a caracteriza como uma carne “suja” ou perigosa. Inverdade.
Muita gente não sabe que a carne suína, além de ser rica em diversas vitaminas e minerais, possui pouca caloria e apresenta menos colesterol do que as carnes de frango com a pele e cortes de carne bovina. Quanto às indesejadas gorduras saturadas, a carne suína atende as exigências da “American Heart Association”, ao possuir apenas 2,4% desse tipo de gordura,
inferior aos teores observados na carne de frango com pele ou em alguns cortes de carne bovina. Outra curiosidade é o fato de a carne suína não ser contra indicada para os hipertensos, se considerarmos que seu teor em K é maior e o teor de sal, menor, quando comparada às outras carnes. Evidentemente a orientação do cardiologista é soberana e deve prevalecer sempre.
Para desmistificar ainda mais este estereótipo, a suinocultura industrial moderna preza pela higiene e prevenção de doenças. Para atender às exigências do mercado e obter produtividade e rentabilidade, os produtores de carne suína adotaram avançadas técnicas de higiene, sanidade e melhoramento genético. A figura popular do porco antigo, criado há muitas décadas nos chamados chiqueiros, ganhou presença no inconsciente coletivo das populações. Mas esta não é a realidade do mercado. Hoje a suinocultura é extremamente tecnificada e a proteína suína uma garantia de qualidade à mesa.
* Edson Luiz Bordin é médico veterinário patologista e gerente técnico da Merial Saúde Animal