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P&D

Fitase na produção avícola

<p>Zootecnista da Uniquímica, Jerônimo de Brito, pesquisa uso de fitase na criação de frangos.</p>

Inicialmente disponíveis apenas as fitases de origem fúngica, nos dias atuais uma grande diversidade de produtos comerciais estão disponíveis, sendo bastante representativa a presença de fitases de origem bacteriana. A maioria das fitases de origem bacteriana apresentam hidrólise na posição do carbono 6 da molécula do fitato (hexafosfato de mio-inositol), daí, serem denominadas de 6-fitase, por outro lado algumas fitases fúngicas são denominadas 3-fitases pela especificidade em iniciar a hidrólise na posição 3.

Não há estudos suficientes que permitam concluir uma maior ou menor eficácia em função no ponto de hidrólise no fitato, no entanto, é salutar afirmar que, a maioria das pesquisas apontam as fitases de origem bacterianas com maior estabilidade frente a enzimas endógenas e ampla faixa de atuação no trato digestório das aves e em alguns casos maior estabilidade à altas temperaturas relativas, quando comparadas à fitases fúngicas. Daí talvez, o apelo da denominação mercadológica de fitases geração mais recente.

Entre os vários componentes que afetam a resposta com o uso de fitases, já é bem relatado em pesquisas nacionais e internacionais (Brito et al., 2008; Quian et al., 1997; Schoulten et al., 2003) uma maior eficácia na hidrólise de fitato pelas fitases, com o uso de níveis de cálcio moderados, ou seja, uma relação cálcio/fósforo total sempre menor que 1,35 para frangos de corte e uma redução exigência dietética na ordem de 5% aproximadamente, (0,2 pontos porcentuais) para poedeiras em produção. Há alguns motivos para este efeito, entre os quais pode-se destacar o poder do cálcio em aumentar o pH da digesta, principalmente o cálcio oriundo de fonte de alta solubilidade como o calcário (por exemplo), e pela formação de sais insolúveis com o fitato em regiões ainda passíveis de atuação das fitases no trato digestório.

Sob ponto de vista pessimista (continuísmo), vale ressaltar a dosagem estática do uso das fitases, independente do produto comercial, da situação técnica e econômica a padronização de 300 unidades de fitase para poedeiras e 500 unidades de fitase para frangos foi estabelecida há muito tempo e parece ser um dogma da nutrição. Aos poucos, surgem pesquisas que visam maximizar a hidrólise do fitato com incremento na suplementação de fitase.

Estudos iniciais que estabeleceram a suplementação padrão de fitase para cada espécie (fase), pouco apresentavam níveis de fósforo aquém das deficiências marginais, fato este que possibilitaria maior eficácia na hidrólise. Como relatado anteriormente, não há, ou há pouquíssimos benefícios do uso de fitases “on-top”, assim, com pequenas diferenças entre deficiência marginal e nível mínimos não permite explorar adequadamente o efeito de maiores níveis ou suplementações.

Considera-se o estudo conduzido por Shirley & Edwards (2003), como um divisor de águas com níveis de fitase, por demonstrar que há substrato disponível para hidrólise e a fitase maximiza seu efeito em dosagens mais altas para frangos de corte, sem prejuízos sobre o desempenho e qualidade óssea e incremento na utilização de aminoácidos e de energia das rações.

Meneghetti et al. (2009), concluíram que a suplementação em até 4.500 FTU/kg é suficiente para um bom desempenho, qualidade óssea e otimiza o aproveitamento de nutrientes da dieta com redução nos níveis nutricionais de fósforo disponível (para 0,22% e 0,20 nas fases inicial e crescimento respectivamente), 4% nos níveis de proteína e aminoácidos de acordo com a fase e 85 e 60 kcal, nas fases inicial e crescimento, respectivamente.

Seguindo a mesma ótica, Geraldo et al. (2009), verificaram que poedeiras comerciais suplementadas com 1.200 FTU/kg de ração (redução em 65 kcal, 3,5% PB e aminoácidos e fósforo disponível para 0,17%) apresentaram desempenho e qualidade de ovos semelhantes à poedeiras submetidas à uma dieta padrão (Atendimento das exigências da linhagem).

Estes resultados e outros da literatura, acenam para um cenário interessante na produção avícola no que tange à fitase, ou seja, o planejamento do nível de suplementação pode ser reavaliado em função do substrato, do manejo técnico da granja além é claro do cenário econômico. Vale aqui ressaltar também, que a hidrólise linear do fitato com o uso de altos níveis de fitase possibilita redução na excreção de fósforo fítico e total para o ambiente, otimizando também um problema ambiental.