A indústria brasileira quer compromissos voluntários para a redução da emissão de gases que provocam o aquecimento global e também rejeita a imposição de barreiras comerciais ligadas ao ambiente. Os industriais querem que o Brasil mantenha sua posição de apoio ao princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, o que significa dar aos países em desenvolvimento carga menor nas obrigações definidas depois das negociações internacionais.
Esses são os principais pontos da posição do setor para a 15ª Conferência do Clima que será realizada no começo de dezembro em Copenhague (Dinamarca), anunciados ontem (05/11) pelo diretor executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Coelho Fernandes.
Os compromissos voluntários não significam, segundo o dirigente da CNI, ausência de obrigações. Ele diz ainda que, pelas características do Brasil – matriz energética limpa, patrimônio ambiental e potencial de bioenergia – há vantagem em relação aos grandes emergentes Rússia, Índia e China, onde predomina o uso do carvão.
Outro ponto a que Fernandes procurou dar destaque é a pequena contribuição, apenas 8,8%, da indústria brasileira para a emissão dos gases que produzem o efeito estufa. O desmatamento e as queimadas respondem por 59,5%. “O Brasil não precisa seguir metas como as dos países desenvolvidos, mas pode ter objetivos para reduzir o desmatamento. Ainda não foram feitas discussões com o setor privado para limitar as emissões”, comentou.
No âmbito da indústria, Fernandes afirmou que os segmentos com maior peso nas emissões são siderurgia, cimento, alumínio e petroquímica.
Segundo o diretor da CNI, aspecto importante, para o Brasil, é sua matriz energética limpa. Quase 46% da energia produzida no país é renovável. Na Europa, apenas 6,7% estão nessa condição e, no mundo, a participação é de 12,9%.
O documento da CNI foi entregue ao governo e está sendo utilizado nas negociações preliminares de Barcelona (Espanha). O setor ainda propõe que, para diminuir o efeito estufa, os países desenvolvidos devem se comprometer com a oferta de financiamento em condições adequadas e com transferência de tecnologia pautada pela redução de custos. Para Fernandes, a proteção dos direitos de propriedade intelectual é fundamental para estimular o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação.