A crise deve inibir o crescimento mundial nos próximos sete anos, disse ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo um capítulo do Panorama Econômico Mundial divulgado ontem (22/09), que analisa 88 crises bancárias nos últimos 40 anos, “os indícios históricos sugerem que a atividade em muitas economias vai permanecer bem abaixo da tendência pré-crise no médio prazo”.
“As perdas em capital, emprego e produtividade podem ser duradouras, deixando uma marca na capacidade produtiva dessas economias”, diz o texto. Findos os sete anos, a atividade nas economias costuma ficar 10% abaixo da tendência, em média.
Segundo o FMI, a atividade nos países desenvolvidos não deve voltar à tendência pré-crise no médio prazo, como ocorreu com os emergentes durante a crise da dívida de 1980. Como a crise é global, a demanda externa não terá o mesmo papel “salvador” de outras crises bancárias.
“A recuperação será lenta e há preocupações sobre os danos de longo prazo ao crescimento global, na medida em que instituições financeiras e os mercados lutam para recuperar sua capacidade de intermediação e o desemprego atinge um nível alto.”
Mas o crescimento volta aos níveis pré-crise na maioria dos países depois de determinado período. O FMI conclui que os países que adotam políticas fiscais e monetárias contracíclicas têm perdas menores na atividade no médio prazo. Outros fatores que aliviam as perdas são reformas estruturais e ambiente externo positivo.
O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que, enquanto as recessões típicas são seguidas pela retomada do crescimento, “o que este capítulo pretende é alertar que, em caso de crises bancárias, a retomada não é tão forte”.
O estudo sugere, entretanto, que medidas de estímulo – especialmente fiscais – implementadas desde o início podem ajudar a reduzir as perdas no médio prazo. O aumento do consumo do governo em 1% do PIB está associado a uma redução de 1,5 ponto porcentual na perda da produção.
“A resposta adotada até agora com políticas macroeconômicas, na forma de substancial estímulo fiscal e monetário, deverá ajudar a mitigar o impacto da crise sobre a produção.”
O relatório será divulgado na íntegra no dia 1º de Outubro.