Os agricultores argentinos vão suspender parte das vendas de grãos e carne bovina a partir de amanhã. A nova paralisação do setor foi decidida depois que o governo do país vetou uma lei que teria concedido benefícios fiscais aos produtores da província de Buenos Aires, vítimas da pior seca em um século.
Os produtores vão suspender as vendas para a indústria e as exportadoras de 28 de agosto a 4 de setembro, disse Carlos Garetto, presidente da organização de produtores rurais Coniagro, à imprensa em Buenos Aires.
“Essa lei teria dado alívio significativo a áreas afetadas pela seca prolongada, e o veto foi a gota d’água”, disse Garetto.
O governo afirmou ontem ter vetado partes do projeto, aprovado por unanimidade pelo Congresso argentino este mês, para impedir que os produtores rurais sonegassem impostos sob a alegação de que os produtos eram procedentes de áreas da província de Buenos Aires afetadas pela falta de chuvas.
A proposta de isenção de impostos teria sido “impossível de cumprir”, disse o chefe do gabinete argentino, Aníbal Fernández, à imprensa em Buenos Aires. “Temos de formular projetos viáveis” para ajudar os produtores rurais, disse, sem dar detalhes.
O protesto de quatro meses realizado no ano passado contra os esforços da presidente Cristina Fernández de Kirchner de elevar as tarifas sobre os grãos e oleaginosas suspendeu as exportações, desencadeou episódios de escassez de alimentos na Argentina e empurrou a popularidade da presidente para um patamar recorde de baixa.