A Monsanto avalia a possibilidade de pedir ao governo uma nova revisão da tarifa antidumping imposta ao glifosato importado da China. Desde fevereiro deste ano, todo o fornecimento chinês do herbicida, usado largamente na agricultura e um dos mais importantes do mercado brasileiro de defensivos, sofre um acréscimo de preço de 2,1%.
A tarifa antidumping sobre o glifosato importado da China foi estabelecida em 2003, em processo criado por iniciativa da Nortox e da própria Monsanto, então as duas únicas fabricantes do insumo no território nacional – a Nortox interrompeu a produção do herbicida neste ano e passou a importá-lo. O adicional era, então, de 35,8%, foi reduzido para 11,7% em fevereiro de 2008 e mais tarde para 2,9%, último passo antes de descer aos atuais 2,1%.
As regras para revisão de tarifas antidumping como a imposta ao glifosato importado da China preveem um prazo mínimo de 12 meses para eventual requisição de mudanças. “Mas esse prazo pode ser antecipado se surgir algum fato novo. Estamos monitorando o mercado para ver como se comportam os preços [do produto importado da China]”, diz Rodrigo Lopes Almeida, diretos de assuntos corporativos da Monsanto.
Há indícios de que esse argumento possa ser apresentado, segundo o executivo. O preço médio do litro do glifosato ácido – o chamado produto técnico, com concentração mínima de 95%, que é diluído para ser vendido aos agricultores -, que era de US$ 7,13 em janeiro, foi de US$ 3,85 em maio e US$ 4,28 em junho, segundo dados apresentados pelo diretor, baseados nas informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Mesmo com a adição da tarifa antidumping, as médias apuradas em maio e junho ficam abaixo do preço médio registrado entre janeiro e dezembro de 2007, de US$ 4,62. Esse preço médio foi o utilizado pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom), do Ministério do Desenvolvimento, no processo que, em fevereiro deste ano, renovou a tarifa – ainda que com percentual menor que os 2,9% em vigor até aquele momento.
Os preços do glifosato dispararam em 2009, na esteira do encarecimento de algumas de suas principais matérias-primas, como fósforo e gás natural. O litro do insumo chegou a ser negociado por US$ 14,50. Com o fim da bolha de preços – ocorrida, por sua vez, em um momento de alta dos preços das commodities em geral, agrícolas e minerais -, o preço do herbicida começou a baixar.
A queda mantém-se neste ano. Em levantamento recente, a consultoria Céleres apurou preços entre 25% e 30% menores do insumo. O produto formulado tem saído, na média, por preços entre US$ 3,80 e US$ 4, diz Eduardo Porto, da consultoria CustodoAgro, que monitora preços de defensivos e fertilizantes. Segundo ele, os chineses oferecem preços mais baixos, entre outros motivos, porque há escala na indústria – são dezenas os fabricantes do herbicida no País.