Redação (24/11/2008)- Os preços do trigo no país seguem em queda e a tendência é que continuem sem sustentação nas próximas semanas, segundo a consultoria Safras&Mercado. "São os menores patamares de preços desde abril de 2007", afirmou Élcio Bento, analista de trigo da Safras.
Na semana passada, a tonelada do trigo do Paraná fechou a R$ 470, recuo de 15% sobre igual período do ano passado. No Rio Grande do Sul, saiu a R$ 420 a tonelada, baixa de 7% sobre o mesmo período de 2007. "As cotações estão sem referência." Entre março e abril deste ano, os preços chegaram a romper o patamar de R$ 800 por tonelada nessas mesma regiões produtoras.
Segundo levantamento da Safras, o cereal do Paraguai continua como alternativa competitiva aos moinhos do país. No Paraná, chega cotado a US$ 210 a tonelada. O trigo argentino também continua em queda e chega em São Paulo por volta de US$ 238 a tonelada.
Sem alternativas, os produtores, que estão em plena colheita, estão pressionando o mercado por conta da necessidade de fazer caixa. Os agricultores semearam o trigo na alta e estão colhendo com preços muito abaixo do esperado.
No dia 13, a Conab negociou 37 mil toneladas do cereal no leilão de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), ou 37% das 100 mil toneladas ofertadas, dos quais 50 mil do Rio Grande do Sul e 50 mil do Paraná. Os negócios se restringiram ao cereal do Rio Grande do Sul, enquanto o PEP para o produto do Paraná não teve negociações.
A safra será maior este ano no Brasil. Mas, segundo a Safras, a tendência é que haja grande volume de triguilho (cereal de qualidade inferior), sobretudo no Rio Grande do Sul, que foi afetado pelas chuvas entre outubro e novembro. A produção no país está estimada em cerca de 5,6 milhões de toneladas. O consumo está previsto em 10,1 milhões de toneladas.
Os gaúchos deverão colher 1,95 milhão de toneladas e o Paraná de 2,95 milhões. As importações podem chegar a 6,1 milhões de toneladas. Na Argentina, maior fornecedor para o Brasil, a produção está estimada em 10,5 milhões de toneladas, com um saldo exportável 4 milhões e 4,5 milhões de toneladas, o que levará o Brasil a buscar trigo de outros mercados.