Redação (03/09/2008) – As exportações da cadeia do milho devem crescer 27% neste ano com relação a 2007. A previsão da Associação Nacional dos Produtores de Milho (Abramilho) indica que o comércio exterior deve render ao País cerca de US$ 74 bilhões. O resultado é puxado, principalmente, pelo crescimento da demanda mundial do grão, utilizado como ração animal e também na alimentação humana. Este cenário é favorecido pelo aumento da inclusão social ocorrida em países em desenvolvimento como China, Índia e na Ásia.
"A opção pelo desenvolvimento industrial concentrou a população nos centros urbanos. Além disso, mais pessoas estão saindo da faixa de miséria e estão consumindo mais alimentos como carne, lácteos e ovos", explicou Odacir Klein, presidente da Abramilho. Neste ponto há maior demanda por milho para ração, uma vez que o grão é um dos principais componentes da alimentação animal. O assunto foi discutido ontem durante o 27º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado no Centro de Eventos de Londrina. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo e ocorre até quinta-feira.
Entre os fatores que contribuem para o aumento do consumo do grão está o fato de os Estados Unidos destinarem parte da safra para a produção de etanol. A China tabmém deixou de ser um país exportador direcionando toda a sua produção para o mercado interno. Há ainda a Argentina, que tem dificultado as exportações de grãos para estimular a produção de produtos com maior valor agregado. A partir deste panorama, o desafio para toda a cadeia, na avaliação da Abramilho, é tornar o milho brasileiro mais competitivo no mercado internacional investindo no aumento da produtividade como forma de reduzir o impacto dos custos de produção.
""A produção nacional deverá quase dobrar nos próximos sete anos sem aumento da área plantada, saindo de 58 milhões de toneladas nesta safra para cerca de 100 milhões de toneladas em 2015"", informou Klein. Este crescimento deve ocorrer pelo aumento da utilização de tecnologia, seja pelo plantio de sementes geneticamente modificadas, manejo adequado e colheita sem desperdício. Além do aumento da demanda mundial, outro fator que pode impulsionar a produção é o estoque mundial, que está em queda. Há sete anos a relação estoque final X consumo era de 28,1 milhões de toneladas. Agora, este número é de 13 milhões de toneladas.
"O Brasil aumentou em 22% a produção de milho desde o ano 2000 e 10% dessa elevação ocorreu a partir da safra 2006/07", informou o presidente da Abramilho. Por outro lado, também houve aumento no consumo, de cerca de 10%, há dois anos. A demanda interna saltou de 40 milhões de toneladas para 44 milhões de toneladas, a maior parte destinada à alimentação animal. "Aumento do consumo requer aumento de produção e temos que ter uma produção excedente para suprir eventuais problemas climáticos", disse. Os preços, segundo ele, devem continuar nos patamares atuais mas com perspectiva de melhora.