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Suinocultores do Paraná amargam prejuízos

<p>A suspeita de febre aftosa no Paraná, em outubro de 2005, deixou marcas na economia difíceis de serem cicatrizadas. Entre os setores que ainda amargam prejuízos está o da suinocultura.</p>

Redação (20/03/07) – De acordo com o presidente da Regional Norte da Assuinopar (Associação dos Suinocultores do Norte do Paraná) e diretor de Suinocultura da Sociedade Rural do Paraná, José Luiz Vicente da Silva, o produtor está tendo prejuízo de R$ 0,80 por quilo de carne produzida.

“Ainda estamos colhendo o fruto da febre aftosa, que não cabe discutir se ocorreu mesmo ou não. O que importa é que estamos pagando caro por isso”, afirmou Silva. Segundo ele, o quilo da carne de porco pago ao produtor está em torno de R$ 1,60 – abaixo do valor de R$ 2,20, ideal para bancar os altos custos da produção.

A queda do preço da carne suína está relacionada à grande oferta do produto no mercado interno, conseqüência das barreiras levantadas por grandes países consumidores, como é o caso da Rússia. Segundo José Luiz Silva, há, no Paraná, um excedente de 65 mil toneladas de carne suína estocadas nas câmaras frias das médias e grandes empresas. “A estocagem reguladora no Estado não é muito alta. Como o Paraná é um grande produtor, o que era produzido era logo vendido”, comentou. Segundo ele, apenas 35% da carne suína ficavam no mercado interno. O restante era exportado.

Para agravar a situação, o consumo brasileiro de carne suína diminuiu nos últimos dois anos. Segundo Silva, o consumo médio anual caiu de 13 quilos por pessoa para 9,75 quilos. “O consumo in natura não é de fato alto. Muitos consomem embutidos”, explicou. A redução do consumo, lembrou Silva, ocorreu por conta da queda no preço do frango, que chegou a ser comercializado por R$ 1,00 o quilo.

Campanha

Para incentivar o consumo de carne de porco, a Associação Brasileira de Suinocultura (ABCS) está promovendo uma campanha para tentar derrubar a barreira do preconceito contra o produto. O alvo da campanha são as crianças.

O objetivo é criar uma cultura de consumo do produto, através da introdução da carne de porco na merenda escolar. Para isso, a Assuinopar está fazendo parcerias com prefeituras da região de Londrina. No contato com as prefeituras, a associação vai oferecer curso de capacitação para as merendeiras e a distribuição de uma revista educativa para os alunos.

“A meta é passar informações e desmistificar a carne de porco, que é um produto saudável. Vamos demonstrar as qualidades da carne de porco, que é a mais consumida no mundo, com a menor taxa de colesterol e de gordura saturada”, afirmou José Luiz Silva.

A entidade também já fez contato com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na tentativa de amenizar a crise do setor. “Queremos que o governo federal, através da Conab, compre boa parte dessa carne”, comentou Silva. Pela proposta, o quilo da carne seria vendido ao governo por R$ 2,20. “Esse valor é só para pagar os custos. Não teremos lucro algum”, observou.

Produção

A criação de porcos no Paraná soma aproximadamente 4,6 milhões de cabeças. A produção de carne suína vem aumentando no Estado: passou de 479 mil toneladas em 2004 para 504 mil em 2005 e chegou a 506 mil no ano passado. Para este ano, o objetivo é reduzir a produção em pelo menos 30%, na tentativa de recuperar o preço. “Será uma redução lenta. O porco tem três meses de gestação e 145 a 150 dias para engorda. Nossa intenção é abater as fêmeas para reduzir a produção de leitão”, explicou. Uma das preocupações da associação é que muitos produtores deixem a atividade, que hoje gera 213 mil empregos diretos no campo.