Redação (11/01/07) – Passado um ano do pânico mundial em função da gripe da aviária, o Brasil ainda precisa aumentar a prevenção à doença – existem 18 locais monitorados, mas em apenas oito foram feitos exames em aves migratórias.
Além disso, desde que o Plano Nacional da Influenza Aviária e Prevenção da Doença de New Castle foi criado, em abril de 2006, somente dois estados aderiram. Apesar disso, especialistas dizem que o risco no Brasil é baixo. O ano passado terminou com 114 infectados e 79 mortos pela gripe aviária, que se espalhou por 40 novos. A crise criada pelo aumento dos focos da doença provocou redução generalizada do consumo de frangos. Com isso, o Brasil encerrou 2006 com vendas apenas 1,18% superiores ao ano anterior, somando US$ 3,2 bilhões.
Em 2005, as exportações cresceram 15%. – Desde a descoberta da doença, em 2003, 261 pessoas já foram afetadas pelo vírus da gripe aviária em 10 países. Do total, 154 morreram. Ontem, o Vietnã anunciou uma quarta província com focos, o que diminui as esperanças de que possa ser contido o ressurgimento do mortal vírus H5N1.
“A grande questão não é mais se haverá uma pandemia de gripe aviária no mundo, pois ela existirá. Mas, sim quando ela acontecerá”, disse o infectologista da Universidade de Campinas (Unicamp), Luiz Jacintho da Silva. Apesar da certeza de que haverá a pandemia da gripe aviária, a gerente médica do laboratório Sanofi Pasteur avalia que o risco de surgimento da doença no Brasil é muito baixo.
Isso porque mesmo que as rotas das aves migratórias que vêm para o Brasil cruzem, do Hemisfério Norte, com as que vêm da Ásia, não necessariamente se encontram. Outra explicação seria a temperatura – o vírus é mais transmissível em períodos frios. Para o vice-presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes, vice-presidente Técnico Científico da UBA, ainda falta a implantação do programa de prevenção.
“Espero que o novo ministro tenha sensibilidade para entender que o setor é impor-tante”, diz. Apesar disso, ele destaca avanços. Segundo Mendes, há um maior controle da importação de material genético, houve treinamento de veterinários e foi feito um levantamento georeferenciado das granjas. Ele se queixa, no entanto, da falta de verbas.
Dos R$ 287 milhões previstos para o plano, em três anos, apenas R$ 40 milhões foram liberados. Em 2006, o governo também ampliou o número de laboratórios para diagnóstico, que passaram de um para sete. Segundo o fiscal agropecuário Luís Cláudio Coelho, o governo está monitorando a entrada dos animais e fazendo um inquérito epidemiológico nestes locais – os resultados ainda não estão prontos.
“O país está bem mais preparado”, diz Liana Brentano, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Suínos e Aves). Segundo ela, o risco maior é pela entrada pelo Norte porque é um vírus do Hemisfério Norte – exceto Austrália e África. Segundo ela, os casos na África preocupam porque é um lugar pobre. No entanto, Liana diz que o cenário atual é bem mais tranqüilo do que em relação a 2006.