REdação AI (16/06/06)- Um conjunto de oito medidas para evitar a entrada do vírus da influenza aviária no Brasil foi defendido em Brasília pelo gerente de avicultura da Coopercentral Aurora e coordenador do Comitê de Sanidade Avícola das Agroindústrias de Santa Catarina, médico-veterinário Sadi Domingos Marcolin, em encontro nas comissões de agricultura da Câmara e do Senado, no qual representou o sistema cooperativista brasileiro.
O coordenador defendeu, para os avicultores comerciais, a criação de uma linha de crédito com juros compatíveis (3% ao ano e prazo de oito anos) para a adequação dos aviários à nova realidade de biossegurança. O valor mínimo necessário por avicultor é de R$ 15 mil reais o que permitirá a aquisição e instalação de instrumentos de proteção como arco de desinfecção, cerca ao redor aviário, tela antipássaro malha n 2, cerca ao redor da fonte de água e barreira sanitária.
Para a agricultura familiar também será necessário liberar créditos individuais de R$ 3 mil por propriedades para cercar as aves atualmente criadas soltas (galinhas caipiras, patos, marrecos) que representam altos riscos em caso de Influenza Aviária. Outras reivindicações foram a ampliação das verbas federais para defesa sanitária animal; recursos orçamentários para educação sanitária (biossegurança) e treinamento da cadeia de avicultura e definição pelo MAPA da metodologia de georreferenciamento que o Brasil adotará em vista de que os criatórios da avicultura industrial já estão georreferenciados.
Marcolin enfatizou como emergencial a adequação da rede laboratorial para monitoramento da Influenza Aviária para que cada Estado tenha no mínimo um laboratório credenciado para monitoria sorológica. Sustentou e criação de programa emergencial de apoio fiscal à atividade agro-industrial de criação e abate de aves (Proaves), nos moldes do programa de reestruturação financeira dos bancos (PROER). Propôs que seja mantida a estrutura de negociadores internacionais nas questões de defesa sanitária e mercados internacionais permanentes, não trocando-os a cada governo.
Alerta que o trabalho que o setor de avicultura desenvolveu nas últimas décadas está sendo posto em risco pela possibilidade da entrada do vírus da gripe aviária, caso o vírus chegue ao Brasil teremos a perda de divisas com a exportação na ordem US$ 3,580 bilhões de dólares ao ano.
Proteção
Sadi Marcolin entende que a avicultura industrial brasileira necessita da intervenção governamental com ações eficientes de natureza técnica e econômica, com apoio financeiro aos produtores e indústrias, com subsídios governamentais, linhas de crédito, aumento de prazos de pagamento, e mesmo isenção fiscal, seguindo as medidas de proteção adotadas pelos demais países.
O presidente da Coopercentral Aurora, José Zeferino Pedrozo, destacou que a influenza aviária não atinge o Brasil, mas seus efeitos econômicos já estão impactando negativamente a economia nacional. Lembra que a cadeia avícola emprega quatro milhões de pessoas, produz 2,7 milhões de toneladas e movimenta US$ 20 bilhões de dólares por ano, dos quais, US$ 3,5 bilhões a 4 bilhões de dólares são obtidos em exportações. A ocorrência da doença em vários continentes e a desinformação a respeito do assunto provocaram queda do consumo de carne de frango na Europa e em outros continentes. Em conseqüência as exportações brasileiras despencaram em até 40%, caindo de 240.000 toneladas para 160.000 toneladas/mês.