Redação (24/05/06)- A valorização do Real em relação a uma cesta de moedas dos principais parceiros do agronegócio do Brasil, medida pelo IC-Agro/CEPEA, chegou a 2,6% nos primeiros três meses deste ano, em relação ao trimestre anterior (out/nov/dez). No mesmo período, os preços internacionais do agronegócio (IPE-Agro/CEPEA) tiveram alta de apenas 0,14%. Com isso, o Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/CEPEA) ficou abaixo da média dos últimos 17 anos.
Caracteriza-se, assim, claramente uma situação de forte e preocupante queda da atratividade das exportações. Embora ainda mantenha-se em nível melhor do que em seguidos anos da década de 1990, a persistente tendência que vem se verificando notadamente no câmbio pode comprometer a evolução altamente positiva apresentada pelo setor nos últimos anos.
Ainda assim, apesar do cenário adverso, em março deste ano, o Índice de Volume Exportado pelo Agronegócio (IVE-Agro/CEPEA) aumentou 7,68% em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para o saldo das vendas de produtos relacionados ao setor de calçados no início deste ano. A abertura da safra de soja também contribuiu para esse resultado.
O fato de o agronegócio seguir exportando apesar da queda de rentabilidade sugere que as alternativas no mercado interno sejam ainda menos atrativas. O crescimento baixo da economia, os juros altos e o crédito escasso induzem agentes do setor a procurar no mercado externo, onde a renda permanece em elevação, oportunidades que atenuem o quadro desanimador, mesmo tendo em conta uma taxa de câmbio desfavorável.
Além dessas circunstâncias ligadas à macroeconomia, somam-se à crise do agronegócio fatores negativos ligados à evolução dos preços dos derivados do petróleo (diesel e fertilizantes), ao clima e à ocorrência de pragas e doenças nas lavouras e na pecuária, que multiplicam as dificuldades do setor.