Redação AI (27/03/06)- A gripe aviária está todos os dias nos jornais. Ela é discutida por exportadores em reuniões, por amigos em conversas de bares, por clientes nos supermercados, por médicos nos corredores dos hospitais, enfim, é o assunto para o qual várias pessoas estão voltadas ultimamente, mas que ainda desperta dúvidas em alguns e temor em outros.
A chamada Influenza Aviária é uma doença causada pelo vírus H5N1, semelhante ao que provoca a gripe nos humanos. Nas aves, os efeitos provocados pelo vírus são devastadores, como sérias lesões no sistema respiratório, no digestivo, no nervoso e no reprodutivo.
Nos casos relatados de pessoas infectadas, a doença se manifesta como uma infecção pulmonar aguda. A gripe surgiu na Ásia e tem ameaçado principalmente aquela região.
A pesquisadora da Embrapa Liana Brentano, explica que isso acontece por causa da maneira como os países asiáticos se relacionam com as aves, já que é bastante comum a criação caseira de patos e galinhas sem maiores controles sanitários. Por isso, o vírus já circula na região há dois anos e não será eliminado enquanto não houver mudanças na forma de manejo das aves. Sobre o alastramento da doença, Liana afirma que existem diferentes hipóteses, desde as mais otimistas, até as que prevêem alta mortalidade para os humanos.
A hipótese mais alarmista é de que o vírus de influenza aviária esteja se adaptando muito bem aos humanos e venha a adquirir essa capacidade de transmissão de humano para humano. Nessa hipótese o vírus vai causar uma pandemia mundial e pode causar alta mortalidade nas pessoas. Só que existem projeções e essas projeções tem sido bastante variáveis, desde cenários relativamente otimistas a cenários extremamente pessimistas em termos de número de pessoas doentes, hospitalizações, mortalidade etc.
Em outra hipótese, o vírus se adaptaria aos humanos, se tornando menos agressivo e letal, já que para a sua sobrevivência, não é vantajoso que o hospedeiro morra. A pesquisadora afirma, no entanto, que seja qual for o cenário, as autoridades da área de saúde têm que trabalhar para proteger a população. No Brasil, que ainda não está ameaçado pela gripe aviária, as ações de prevenção já começaram. Quem explica é o coordenador de sanidade avícola do Ministério da Agricultura, Marcelo Motta.
-A gente não tem como prever o momento em que a Influenza aviária vai chegar no Brasil, que ela vai chegar realmente no território nacional. O que o Ministério da Agricultura tem executado são ações de vigilância, nas diversas maneiras de como a gripe aviária possa entrar no Brasil. Através da vigilância em aves migratórias e em todo o material genético de aves importado pelo país.
Essas ações de vigilância constituem o Plano Nacional de Controle e Prevenção da Gripe Aviária, elaborado pelo Ministério da Agricultura em parceria com associações de produtores e exportadores de aves. O Plano determina mecanismos tanto para a prevenção da doença, como para a eliminação de possíveis focos, caso o vírus chegue no país.